Velocidade Furiosa X em ponto morto

Já há muito que a série de Vin Diesel passou a ser apenas produto feito para ganhar dinheiro. Mesmo assim, Velocidade Furiosa X consegue bater mais no fundo.

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Velocidade Furiosa X
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Velocidade Furiosa X
,Jason Momoa
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Velocidade Furiosa X Giulia Parmigiani/Universal Pictures
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Spoiler alert: vai haver um Velocidade Furiosa XI. Não é grande spoiler, é verdade; a série prolongou-se para lá da morte trágica de Paul Walker entre os episódios 6 e 7, e confirmou o seu estatuto como fonte consistente de rendimento da Universal (e de Vin Diesel), e como um dos raros franchises cinematográficos que não envolvem “propriedade intelectual” oriunda de bandas desenhadas ou romances juvenis. E continuarão a fazer-se Velocidades Furiosas enquanto continuar a render. Ou seja: enquanto continuar a encher salas com espectadores que pagam bilhete para assistir a peripécias mirabolantes e improváveis que o grande ecrã e o som digital fazem parecer tão reais como o bar da esquina.

Repararam certamente que até aqui não se falou de cinema. Há uma razão para isso: é que não há em Velocidade Furiosa X cinema tal como a maior parte das pessoas o entende. Apenas “produto audiovisual” puramente funcional, escrito literalmente com os pés, como o prova a banalidade de auto-ajuda dos diálogos, o constante ir e vir turístico entre “sítios bonitos” (entre os quais Cacilhas) de uma história que não dá literalmente nada para fazer a ninguém — a não ser a Jason Momoa a divertir-se que nem um perdido com o seu vilão psicopata de cartoon. (Pelo menos Michelle Rodriguez tem uma bela cena de porrada com Charlize Theron, e Jason Statham e Sung Kang também dão uma boa ensaboadela um ao outro, mas estarem lá Daniela Melchior, Nathalie Emmanuel e Jordana Brewster ou outras quaisquer vai dar ao mesmo.)

Gostaríamos de acreditar que um John McTiernan, um Andrew Davis, mesmo um Ti West conseguiriam fazer melhor sem precisar de se esconder atrás da “artilharia pesada” do stunt driving e das explosões. Mas quando até mesmo James Wan foi “derrotado” pelo caderno de encargos…

Resumindo e concluindo: há mais cinema em toda uma temporada de Mandalorian do que nestas intermináveis duas horas e vinte cuja única razão de existir é dar dinheiro a ganhar à Universal. Mas isso não deveria ser uma surpresa: já há muito que, no que diz respeito a Velocidade Furiosa, se deixou de falar de cinema.

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