Cancro da tiroide: uma doença silenciosa
O cancro da tiroide pode não causar qualquer sintoma de início, mas ao crescer pode provocar dor ou uma saliência no pescoço. Pode ainda ser causa de alterações na voz, rouquidão ou engasgamento fácil.
Nos últimos anos tem vindo a aumentar o número de casos de cancro da tiroide. Desde 1975, a incidência (aparecimento de novos casos) deste tipo de cancro em Portugal aumentou 10 vezes: de cerca de 50 casos por ano para perto de 500, de acordo com o Registo Oncológico Nacional.
Esta é uma doença muitas vezes silenciosa, pelo que a informação e vigilância são fundamentais. Hoje, Dia da Sensibilização para o Cancro da Tiroide, importa alertar para a importância do diagnóstico precoce desta doença e saber reconhecer os sinais.
A tiroide é uma glândula com várias funções no nosso organismo: regula o ritmo cardíaco, a tensão arterial, a temperatura corporal, o peso, o humor. São vários os problemas que podem afetar o seu bom funcionamento, entre os quais os de origem cancerígena.
O cancro da tiroide pode não causar qualquer sintoma de início, mas ao crescer pode provocar dor ou uma saliência no pescoço. Pode ainda ser causa de alterações na voz, rouquidão ou engasgamento fácil. A maior parte dos nódulos que podem surgir na tiroide são benignos, e são cerca de quatro vezes mais frequentes no sexo feminino.
Se notar algum destes sintomas ou sinais deve consultar o seu médico. Ele deverá fazer todos os anos uma palpação local e do pescoço, e poderá neste caso requisitar exames como análises de sangue ou ecografia. Só com a avaliação médica saberemos se os nódulos da tiroide em cada caso são benignos ou malignos.
O cancro da tiroide tem tratamento. Exige um diagnóstico precoce e orientação por equipas hospitalares diferenciadas, com Endocrinologia, Cirurgia Endócrina, Radiologia, Anatomia Patológica, Patologia Clínica e Medicina Nuclear. O tratamento consiste, em regra, numa cirurgia para remover a glândula tiroide, que na maior parte das vezes será curativa sem necessidade de tratamentos adjuvantes. Pode, contudo, ser necessária uma cirurgia mais extensa para remover também gânglios do pescoço, ou um tratamento médico com Iodo 131, nos casos em que células malignas se tenham disseminado para além da tiroide.
Os resultados são, em geral, muito bons. Comparativamente a outros tipos de cancro, o cancro da tiroide tem uma das melhores taxas de sobrevivência. A taxa de mortalidade é de cerca de 1% aos 25 anos após diagnóstico. Provavelmente já se questionou: “E depois da cirurgia? Ouvi dizer que vou engordar se retirar a tiroide.” Depois de uma cirurgia de remoção completa da glândula tiroide, o doente terá de tomar uma medicação oral (apenas um comprimido por dia) para o resto da vida. Irá ser vigiado regularmente pelo seu médico assistente, e as análises de sangue permitirão aferir a dose adequada de medicação para cada caso, de modo a que não venha a acontecer nenhuma alteração no peso nem na atividade física ou intelectual.
Não é conhecida a causa da maior parte dos tumores malignos da tiroide. As pessoas que vivem num raio de 20 quilómetros de instalações nucleares devem contactar as autoridades de saúde ou de Proteção Civil da área. E deverão ter consigo uma medicação (iodeto de potássio) que bloqueia em parte os efeitos da radiação sobre as células da tiroide, para tomarem na improvável eventualidade de uma fuga nuclear.
O que todos devemos fazer é cuidar sempre da nossa saúde e da dos nossos familiares, estar atentos aos sintomas e sinais, e procurar aconselhamento médico. Mesmo em tempos de pandemia, as outras doenças não esperam. A falta de avaliação ou de tratamento fará que o cancro nos apareça de forma mais grave ou mais disseminada mais tarde, com risco de maiores danos para a saúde. Não adie! Os hospitais são locais seguros, pelo que não deve ter receio de procurar o seu médico. Olhe-se ao espelho. Palpe o seu pescoço.
Cuide da sua tiroide.
O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico