Viver é preciso, envelhecer não é preciso!

No Dia Internacional do Idoso, “cuide do seu corpo como se fosse precisar dele por 100 anos!”.

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Na melhor das hipóteses, entre os 50 e os 60 anos é chegada a hora em que passamos a ir regularmente ao médico por isto ou por aquilo Manuel Roberto
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Viver é mudar. Esta constatação é tão evidente que a tomamos por sinónimo de evolução, seja qual for a idade considerada. No entanto, a palavra mudança adquire um significado completamente diferente quando associada à infância ou à adolescência, ou quando a situamos na fase da vida a que chamamos “a idade adulta”. A começar pela aparência física, claro, mas também no plano psicológico e social. É que, apesar de sabermos hoje que o envelhecimento é um processo contínuo, sendo possível observar logo por volta dos 30 anos de idade um conjunto de alterações fisiológicas com implicações em diversos domínios do funcionamento individual, a verdade é que quando chegamos à velhice já ninguém mais nos leva a sério…

Na verdade, em qualquer altura da vida sabemos o que nos espera lá mais para a frente. Apesar de a ciência já nos ter demonstrado que a adoção de estilos de vida saudáveis aumenta a probabilidade de envelhecermos com mais qualidade de vida, é por volta da meia-idade que começamos a experimentar uma maior dificuldade em realizar coisas tão pequenas como subir um lanço de escadas mais íngreme, memorizar um número ou recordar um nome, ou tomar decisões com a rapidez de antes.

Na melhor das hipóteses, entre os 50 e os 60 anos é chegada a hora em que passamos a ir regularmente ao médico por isto ou por aquilo, em que palavras como colesterol e hipertensão entram no nosso vocabulário, em que “fazer exames” se torna rotina, ou pior, em que adoecemos mesmo com alguma gravidade e nos tornamos definitivamente “doentes crónicos” de alguma coisa. Juntando a tudo isto a morte dos pais, nada mais nos resta do que assumir que começamos a envelhecer.

Todas estas mensagens que o corpo e a sociedade nos enviam serão ainda mais pronunciadas aos 60 anos, desafiando a determinação individual para nos mantermos na melhor condição possível. Isto vai exigir coisas tão simples, mas tão negligenciadas, como reduzir o stress, ter cuidado com a alimentação, praticar regular e continuadamente atividade física, manter a curiosidade intelectual e uma atitude positiva perante a vida.

O diretor do Estudo de Harvard, Robert Waldinger, deixa um conselho: “Cuide do seu corpo como se fosse precisar dele por 100 anos!”. Fundamentalmente, trata-se de contornar as “más notícias” que o envelhecimento traz consigo usando estratégias adequadas para o efeito, tanto do ponto de vista físico como mental. Mas trata-se, também, de valorizar aquilo que fazemos bem, aquilo de que somos capazes: o que ainda consigo em vez do que já não consigo…

Desta forma, vamo-nos sentir mais confiantes afastando o receio implícito de estarmos a atravessar a porta entre a capacidade plena e a progressiva incapacidade, esbatendo os efeitos da passagem dos anos até onde for possível. E por quanto mais tempo o conseguirmos, melhor.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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