Patrão galês obrigado a indemnizar antiga funcionária por lhe ter tossido na cara

O incidente recua a 17 de Março de 2020, quando Kevin Davies fez troça de uma funcionária que pediu distanciamento de segurança em relação aos colegas por ter uma doença auto-imune.

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Durante a pandemia de covid-19, as máscaras foram uma das formas de conter a doença Nuno Ferreira Santos/Arquivo
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Um empregador do País de Gales terá de pagar uma indemnização de 26 mil libras (quase 31 mil euros) por ter tossido na cara de uma funcionária durante a pandemia de covid-19. O juiz do Tribunal do Trabalho de Gales determinou que o patrão Kevin Davies “ridicularizou e intimidou” a empregada por causa das suas preocupações com a saúde.

A 17 de Março de 2020, dias antes de o Reino Unido ter decretado o primeiro confinamento, a funcionária da Cawdor Cars, em Newcastle Emlyn, tinha expressado preocupação com as medidas de distanciamento e pediu a alguns colegas para respeitarem a distância de segurança recomendada pelas autoridades de saúde, uma vez que sofria de artrite psoriática, uma doença crónica inflamatória das articulações,​ e de uma doença auto-imune.

Contudo, o patrão fez troça das preocupações e terá mesmo “tossido na sua direcção deliberadamente e em voz alta, comentando que ela estava a ser ridícula”, relatou o juiz Tobias Vincent Ryan do Tribunal de Trabalho de Gales, nesta terça-feira, citado pelo The Guardian.

A funcionária em questão trabalhou na Cawdor Cars, que tem seis concessionários no País de Gales, entre 2017 e 2020 — ganhava 11 libras à hora, de acordo com os documentos do tribunal. O mesmo grupo também se dedicada ao arrendamento de imóveis e a mulher era também gestora de propriedades.

Em tribunal, a queixosa confessou que tinha ficado “uma pilha de nervos” depois do incidente com o patrão. “Ele sabia do meu estado de saúde. Sabia que não tinha protecção imunitária por causa da medicação que tinha de tomar e tossiu deliberadamente na minha cara. Eu estava a tremer. Não sou uma pessoa tola — já tive de aguentar muita coisa na minha vida — mas aquilo afectou-me mesmo”, testemunhou.

Foram chamados para testemunhar outros membros da empresa que terão ouvido o incidente da tosse entre o patrão e a colega. Contudo, o juiz Tobias Vincent Ryan lamentou que, durante o depoimento, todos se tenham mostrado “na defensiva”, sem serem “totalmente directos” na descrição do sucedido.

A funcionária queixou-se “veementemente” sobre a atitude do patrão e, menos de três meses depois, demitiu-se. “Ela despediu-se em parte porque foi vitimizada; este foi um factor importante e significativo na decisão. Sentiu que estava a ser facilitada a sua saída, em parte devido às suas queixas. Tinha razão”, reforçou o juiz galês.

Como resultado, a indemnização será dividida entre 18 mil libras (21,4 mil euros) em danos pagos pela Cawdor Cars; 3841 libras (4570€) assumidas por Kevin Davies pela demissão sem justa causa; e 4596 libras (5470€) em juros.

Kevin Davies, de 62 anos, é conhecido no País de Gales por ser pai do jogador de râguebi Gareth Davies, popularizado como Gareth Cawdor pela ligação ao negócio de concessionários do pai.

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