A importância da regulação emocional: como gerir as emoções

Alguns adultos têm dificuldade em auto-regular as suas emoções. A terapia pode ser uma forma valiosa de melhorar a autoconsciência, levando a uma melhor regulação emocional.

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Ajude os seus filhos a gerir as emoções Gustavo Fring/pexels
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As emoções desempenham um papel fundamental nas nossas vidas, influenciando as nossas decisões, relacionamentos e bem-estar geral. No entanto, nem sempre é fácil lidar com essas emoções. A regulação emocional é a chave para navegar com sucesso pela complexidade dos nossos sentimentos, como um leme que nos guia em mares tumultuosos.

Sentir emoções fortes é saudável. Aprender como processar emoções e responder com comportamento adequado é essencial para o nosso bem-estar. A falta de autorregulação emocional pode perpetuar emoções negativas. Também pode ter repercussões sociais, como relacionamentos prejudiciais com outras pessoas.

Neste artigo, exploraremos a importância da regulação emocional e ofereceremos algumas dicas práticas sobre como gerir as emoções.

O que é regulação emocional?

Quando as pessoas sentem emoções fortes, como raiva, frustração ou ansiedade, experimentam respostas físicas e mentais. Em alguns casos, o corpo aumenta a produção de hormonas de stress, levando ao aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, da temperatura e da frequência respiratória. Como consequências as pessoas podem sentir-se mal-humoradas, ter acessos de raiva, alterações de humor ou experimentar emoções negativas.

A autorregulação emocional é a habilidade aprendida de aplicar o pensamento consciente a eventos que provocam emoções fortes. Na verdade, quando falamos em regulação emocional referimo-nos à capacidade de reconhecer, compreender e gerir as nossas emoções de forma saudável. É como ser o maestro de uma orquestra de sentimentos, harmonizando-os para criar uma sinfonia equilibrada na nossa vida.

A autorregulação emocional é uma habilidade que as pessoas aprendem e desenvolvem ao longo da infância e adolescência e na idade adulta.

É importante lembrar que não nascemos com esta habilidade de nos conseguirmos regular emocionalmente. Desde o nascimento, dependemos dos adultos, cuidadores primários e significativos das nossa vidas, principalmente os nossos pais, para nos co-regular e nos ensinar a lidar com as nossas emoções.

As crianças muito pequenas têm dificuldade em lidar com as suas emoções. Por exemplo, eles podem ter acessos de raiva, “fazer birras” quando as coisas não acontecem do forma que querem ou esperam. Se os adultos as ajudarem a nomear as suas emoções e a “legendar” os acontecimentos que as desencadearam, as crianças gradualmente aprenderão a avaliar as situações por si próprias e a fazer escolhas de comportamento mais razoáveis.

Assim, os pais desempenham um papel vital nesse processo, agindo como faróis orientadores enquanto navegamos nas águas desconhecidas das nossas emoções que numa fase inicial da vida são absolutamente avassaladoras e de impossível gestão. Alguns adultos também têm dificuldade em auto-regular as suas emoções. A terapia pode ser uma forma valiosa de melhorar a autoconsciência, levando a uma melhor regulação emocional.

O que pode acontecer a esta capacidade de regulação emocional quando a infância não corre da forma desejada?

Infelizmente, nem todos tiveram o privilégio de crescer com pais capazes de fornecer a co-regulação emocional necessária. Alguns enfrentaram infâncias desafiadoras, onde suas necessidades emocionais básicas não foram atendidas. Isso pode resultar em dificuldades emocionais duradouras na vida adulta. E daí que muitos de nós, adultos, lutem com questões de ansiedade, depressão ou até mesmo a incapacidade de lidar com os conflitos tendo tendência a evitá-los! Estas e outras dificuldades, na maior parte das vezes, têm raízes numa infância onde a resposta adequada a essas necessidades emocionais básicas falhou.

Em que é que a nossa maior ou menos capacidade de nos conseguirmos regular emocionalmente pode ter impacto no nosso dia a dia e nas relações com todos à nossa volta incluindo os nossos filhos?

Bem-estar mental e físico: A regulação emocional está ligada a uma melhor saúde mental e física, atuando como um escudo protetor contra as tempestades emocionais que poderiam abalar nossa tranquilidade.

Relacionamentos saudáveis: Relações interpessoais bem-sucedidas dependem da nossa capacidade de expressar nossas emoções de forma construtiva e compreender as emoções dos outros. A regulação emocional ajuda a evitar conflitos e a promover conexões mais profundas com os outros, como construir pontes sólidas entre ilhas distantes.

Tomada de decisão: Emoções descontroladas podem prejudicar nossa capacidade de tomar decisões racionais. A regulação emocional permite-nos considerar objetivamente as nossas opções, mesmo sob pressão emocional, como uma bússola confiável que nos guia no caminho certo.

Uma pessoa pode aprender habilidades de autorregulação, mas deve praticar regularmente para que essas se tornem uma segunda natureza. Todos nós podemos melhorar a nossa capacidade de regulação emocional e a nossa capacidade de co-regular os mais pequeninos que connosco convivem:

Autoconhecimento: Comece por reconhecer e nomear suas emoções. Isso permite que possa compreender o que está a sentir e porquê.

Aceitação: Não julgue as suas próprias emoções. Não existem emoções boas ou más! É normal sentir raiva, tristeza ou medo em certas situações. Aceitar esses sentimentos é o primeiro passo para lidar com eles, como abraçar as estações do ano, incluindo as tempestades.

Respiração profunda: A respiração profunda ajuda a acalmar o sistema nervoso e a reduzir o stress libertando o cortisol que se vai acumulando ao longo do dia ou perante momentos mais desafiadores. Pratique respirar profundamente quando estiver emocionalmente sobrecarregado.

Comunicação: Partilhe as suas emoções com alguém de confiança. Falar sobre o que está a sentir pode aliviar o fardo emocional, a aliviar a “panela de pressão” em que todos nós nos encontramos por vezes.

Técnicas de relaxamento: Aprenda técnicas de relaxamento, como meditação, ioga ou exercícios de relaxamento muscular progressivo, para acalmar a mente e o corpo.

Auto-empatia: Trate-se com bondade e compaixão, como faria com um amigo. Não seja muito duro consigo mesmo, after all só conseguimos cuidar dos outros depois de cuidar de nós!

A regulação emocional é uma habilidade vital que impacta significativamente a nossa qualidade de vida. Desde o nascimento, a nossa caminhada na compreensão e gestão das emoções é moldada pelos nossos pais e cuidadores, que atuam como guias nesse processo.

Infelizmente, nem todos tiveram a sorte de receber a co-regulação emocional de que necessitavam na infância, o que pode levar a dificuldades emocionais duradouras na vida adulta. No entanto, ao reconhecer, entender e gerir nossas emoções de maneira saudável, podemos superar desafios e experimentar maior bem-estar mental, relacionamentos mais gratificantes e tomadas de decisão mais ponderadas.

Lembre-se de que a prática é fundamental para o aperfeiçoamento da regulação emocional, e com o tempo, irá tornar-se mais hábil em gerir as suas emoções de forma positiva.

Comece hoje mesmo a cultivar essa habilidade e colha os benefícios ao longo da vida.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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