Dormir bem vale a pena: para pais e filhos

A criança não gosta habitualmente da ideia de dormir. Tem tendência a recusar a ida para a cama e há muitas crianças que apresentam alguma ansiedade na fase do adormecimento.

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À medida que as crianças crescem precisam de menos horas para dormir Adriano Miranda/Arquivo

Os pais da nossa geração foram-se mentalizando que é normal os bebés dormirem mal. Mas temos uma boa notícia, o normal é dormir bem.

O sono é muito importante para o quotidiano da criança bem como para todos os processos com rápido desenvolvimento nesta fase da vida. Vejamos. É durante o sono que é produzida a hormona do crescimento, sendo assim o sono fundamental para um crescimento saudável. Por outro lado, o sono permite o equilíbrio metabólico necessário para a prevenção de distúrbios cardiovasculares, mesmo na infância.

Também a memória está aqui envolvida. A partir de determinada altura, a memória começa a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento e importa saber que é durante o sono que esta é consolidada para permitir as aprendizagens diárias. A regulação do humor e o pensamento abstrato estão igualmente dependentes de um sono reparador.

Entre outros inúmeros benefícios, estes exemplos mostram-nos que dormir é uma função fisiológica vital e que deve decorrer de uma forma saudável para que o organismo seja capaz de todas estas tarefas.

Para compreendermos o conceito de normalidade é importante percebermos que tal e qual como outros processos, também o padrão de sono varia em função da idade da criança.

O recém-nascido pode dormir mais de 18 horas por dia, sendo que este período vai-se reduzindo progressivamente. Na segunda metade do primeiro ano de vida, o padrão de sono normal inclui cerca de 12 a 16 horas, incluindo sestas.

Entre os dois e os cinco anos o padrão de sono é mais variável de criança para criança, sendo que também a necessidade de sesta é variável. Recomenda-se que neste período as crianças durmam entre dez a 14 horas por dia, incluindo sestas. Dos 6 aos 12 anos, as crianças devem dormir um mínimo de nove horas que se podem estender até às 12 horas e a partir daqui a necessidade de sono fica mais aproximada da idade adulta, recomendando-se um sono de 8 a 10 horas por dia.

Não é só a duração do sono que é importante quando falamos de saúde neste tema, importa saber se o sono é tranquilo e reparador, preparando assim aquele organismo para o período de vigília que se segue, ou seja, em que estará acordado.

A criança não gosta habitualmente da ideia de dormir. Tem tendência a recusar a ida para a cama e há muitas crianças que apresentam alguma ansiedade na fase do adormecimento bem como outras que apesar de adormecerem tranquilamente acabam por ter um sono muito fragmentado, com múltiplos despertares noturnos. Este é um tema que prejudica a criança e a família, uma vez que todos precisam de dormir para assegurarem as suas funções vitais.

É nestas duas áreas que reside habitualmente o sucesso da instituição de rotinas de sono que normalizam toda a componente comportamental do sono e que em muitos casos são o tal bicho papão causador deste sono menos saudável.

Cada criança é uma criança e o sono tem um padrão pessoal que varia dentro de um padrão médio para a idade. O importante é identificarmos se realmente estamos perante um padrão normal ou perante um sono que necessita de intervenção. Muitas vezes esta intervenção é simples, na grande maioria dos casos não medicamentosa exigindo maioritariamente consistência nas rotinas. Assim, vale a pena tentarmos todos dormir bem.

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