À segunda semana, as acusações entre Johnny Depp e a ex-mulher continuam em tribunal
O julgamento começou a 7 de Julho no Supremo Tribunal de Londres e opõe o actor ao jornal The Sun e à sua editora News Group Newspapers por difamação. As audiências têm sido sobre a relação tóxica do actor com a ex-mulher, Amber Heard.
A acusação de difamação de Johnny Depp ao jornal britânico The Sun e à editora News Group Newspapers (NGN) vai agora na segunda semana de audiências em Londres. As declarações do actor e de várias testemunhas têm tido como principal foco os alegados episódios de violência entre o ex-casal durante o período em que esteve junto – de 2011 a 2016. O actor processou os dois órgãos devido a um artigo que o tablóide publicou em 2018, onde o apelidava de “agressor da mulher”.
Os acusados sustentam a sua defesa em 14 declarações que Amber Heard lhes fez de diversas situações em que foi submetida a violência por parte de Johnny Depp. Entre elas contam-se bofetadas, murros, pontapés e puxões de cabelo que terão como principal instigador o excessivo consumo de álcool e de estupefacientes do protagonista de Piratas das Caraíbas.
Desde a primeira audiência, a 7 de Julho, que Depp nega qualquer tipo de agressão física para com a ex-mulher e as acusações e contra-acusações têm aumentado de tom. Ao longo das duas últimas semanas várias testemunhas têm prestado depoimento, pintando um cenário bastante diferente do que foi apresentado por Heard.
Admitindo o seu elevado consumo de álcool e drogas e até a destruição de diversos quartos de hotel, Depp afirma que nunca foi violento para com a ex-mulher. Os advogados do actor alegam que estas acusações foram “inventadas” e que Depp “não é um abusador”. O jornal The Sun disse no tribunal que “Heard estava a trabalhar o seu caminho no mundo da representação e que não estava satisfeita com papéis secundários. Como resultado de ter a sua própria carreira, as disputas entre os dois [Depp e Heard] aumentaram, quando a vida profissional de Heard colidiu com o desejo de Depp em dominar a relação”.
“Sim, eu bebia excessivamente, mas isso não significa que estivesse fora de controlo. A violência não é algo que eu procure”, afirmou a estrela de Hollywood no banco dos réus. “Sempre que estas situações se intensificavam, eu tentava ir para o meu canto. Queria-me separar antes que as coisas se descontrolassem.”
A visão das testemunhas
O antigo assistente pessoal de Depp, Stephen Deuters, prestou declarações no quinto dia de audiências e afirmou que Heard subjugou Depp a “anos de abuso” e que este ficou “extremamente surpreendido e ultrajado” quando se tornou público o pedido de ordem de restrição da actriz, em 2016.
A ex-assistente pessoal de Amber Heard, Kate James, revelou ao tribunal que recebia mensagens abusivas por parte da antiga empregadora durante a madrugada. E foi mais longe, acusando Heard de roubar a sua história pessoal de abuso sexual e transformá-la em algo diferente. “Para grande choque meu, descobri que Heard tinha roubado a conversa que tive com ela sobre o meu caso de violência sexual e transformou-a na sua própria história para ganhar algo com isso. Claro que isto me causou um transtorno imenso, o facto de ela se atrever a utilizar a experiência mais angustiante da minha vida como a uma narrativa própria.” A assistente afirmou também que Heard costumava beber grandes quantidades de vinho todas as noites.
Ben King, um agente imobiliário que procurava residências para o casal arrendar durante as suas viagens, disse que o único estupefaciente que viu Depp consumir foi cannabis e que por diversas vezes presenciou Heard a tentar provocar Depp, mas que nunca o viu ser violento para com a ex-mulher ou outra pessoa. Pelo contrário, revela que viu Heard beber vinho por diversas vezes, “pelo menos uma ou duas garrafas por noite”.
Como foi com as ex-companheiras
Estava previsto duas ex-companheiras de Depp, Winona Ryder e Vanessa Paradis, prestarem declarações sobre as respectivas relações que tiveram com o actor. Contudo, uma vez que os acusados já não quiseram contestar a afirmação de Depp em como não foi abusivo para com nenhuma das duas mulheres, os seus testemunhos não foram necessários em tribunal. Os seus textos sobre as suas experiências pessoais foram, ainda assim, divulgados.
A actriz Winona Ryder, que namorou com Johnny Depp durante quatro anos na década de 1990, disse não compreender as acusações de que o actor é alvo. “A ideia de que ele é uma pessoa incrivelmente violenta está longe de ser o Johnny que eu conheci e amei. Não quero chamar ninguém de mentiroso, mas da minha experiência com o Johnny é impossível acreditar que alegações tão horríficas sejam verdadeiras.”
Da mesma forma, a actriz e cantora Vanessa Paradis, que teve um relacionamento com Depp de 14 anos e com quem tem dois filhos, afirmou que desde que conhece Depp que ele é “uma pessoa simpática, atenciosa, generosa e nada violenta”. “Nas filmagens, os actores, realizadores e toda a equipa adoram-no, porque ele é tão humilde e respeitador para toda a gente, assim como é um dos melhores actores que já vimos. Estas acusações têm sido muito perturbadoras e também têm causado estragos na sua carreira, porque, infelizmente, as pessoas acreditaram em factos falsos.”
Amber Heard tem marcado presença no tribunal desde o primeiro dia, num julgamento mediático e que está previsto decorrer durante mais uma semana. A 9 de Julho, o porta-voz da actriz emitiu um comunicado onde dizia que Heard, que está a tentar ultrapassar a sua relação com Depp, vê-se agora “arrastada para o tribunal para apresentar provas de alguns dos momentos mais perturbadores da sua vida”.
Texto editado por Bárbara Wong