Norte-americano sentenciado a dez anos de trabalhos forçados na Coreia do Norte

Kim Dong-chul foi detido em Outubro do ano passado e acusado de espionagem e subversão.

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Kim Dong-chul confessou o crime perante as televisões norte-coreanas KCNA/Reuters

A Coreia do Norte condenou esta sexta-feira Kim Dong-chul, um cidadão norte-americano de origem sul-coreana, a dez anos de trabalhos forçados. O empresário de 62 foi detido em Outubro do ano passado, acusado de espionagem e subversão.

Foi declarado culpado pelo Supremo Tribunal norte-coreano por “conspirar contra o sistema da República Popular Democrática da Coreia, por difamar contra a direcção suprema do país socialista e por obter segredos militares e de Estado com objectivos de espionagem”, afirmou o Supremo, numa declaração citada pelo El País.

Como é comum no país no que diz respeito a detenções de cidadãos estrangeiros, Kim Dong-chul confessou os seus crimes perante as câmaras de televisivas antes de conhecer a sentença. Na confissão, admitiu que procedeu a actos de “espionagem imperdoáveis” sob a direcção dos governos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, tendo depois pedido desculpa e implorado por misericórdia.

O empresário norte-americano chegou à Coreia do Norte em 2008, altura em que abriu um negócio de importação e exportação de produtos e serviços hoteleiros. Segundo a agência norte-coreana KCNA, em 2011 terá sido abordado pelos serviços de inteligência sul-coreanos, tendo mais tarde sido detido na posse de uma pen USB com informações militares e nucleares secretas do regime de Pyongyang.

A condenação do empresário foi conhecida mais de um mês depois de o Supremo Tribunal norte-coreano ter sentenciado outro cidadão norte-americano a uma pena semelhante. Otto Warmbier, estudante de economia de 21 anos, foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados depois de ter tentado roubar um cartaz de propaganda política do hotel onde estava hospedado. O estudante também confessou o seu crime antes de conhecer a sentença, considerando-o o “maior erro da sua vida”.

Na Coreia do Norte, para além destes dois cidadãos, está também preso Hyeon Soo Lim, pastor canadiano de origem sul-coreana, condenado a trabalhos forçados perpétuos por subversão.

A detenção de cidadãos estrangeiros é uma das tácticas utilizadas pelo regime de Kim Jong-un para chamar a atenção da comunidade internacional, de forma fazer pressão no sentido de retomar as negociações que ponham fim às duras sanções de que o país é alvo. No entanto, esta estratégia não costuma resultar e tendo em conta que os Estados Unidos não têm relações diplomáticas com a Coreia do Norte será muito difícil que seja encontrada uma solução para os casos de Kim Dong-chul e de Otto Warmbier.

As duas condenações coincidem com a enorme tensão existente nas relações entre a Coreia do Norte, a Coreia do Sul e os Estados Unidos. Depois de o regime de Pyongyang ter realizado o seu quarto teste nuclear em Janeiro, as Nações Unidas decidiram aplicar fortes sanções económicas ao país, que tem respondido com várias ameaças e com demonstrações de força. Os constantes testes balísticos têm deixado o país vizinho e os Estados Unidos em alerta máximo, e contribuido para que o regime de Kim Jong-un esteja cada vez mais isolado

Texto editado por Ana Gomes Ferreira

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