China reafirma compromisso com sanções aplicadas à Coreia do Norte

Barack Obama e Xi Jinping encontraram-se à margem da cimeira sobre Segurança Nuclear em Washington e, apesar de algumas incertezas, defenderam uma "plena implementação" das últimas sanções aplicadas a Pyongyang.

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Barack Obama e Xin Jinping encontraram-se à margem da cimeira sobre Segurança Nuclear em Washington AFP

Líderes de mais de 50 países reuniram-se em Washington para o primeiro de dois dias da Cimeira sobre Segurança Nuclear, impulsionada pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, com o objectivo de discutir as ameaças nucleares. Numa primeira reunião onde foram discutidos temas como a redução dos arsenais, a segurança das instalações e a ameaça do autodesignado Estado Islâmico (EI), o tema do desafio nuclear da Coreia do Norte marcou a agenda.

Um dos pontos que despertou mais interesse neste primeiro dia de cimeira foi o encontro entre Obama e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, no qual os dois líderes reafirmaram a posição comum relativamente às sanções da ONU contra a Coreia do Norte – um documento elaborado pelos dois países e aprovado pelo Conselho de Segurança por unanimidade.

Antes do início do encontro, Obama reafirmou que os dois líderes estão comprometidos com a desnuclearização da península coreana e disse que iriam discutir uma solução que permita desencorajar as "provocações" norte-coreanas. Já Xi Jinping salientou "a comunicação e coordenação eficazes", mas não deixou nenhuma crítica directa ao regime de Kim Jong-un, nem nenhuma referência a medidas concretas para aumentar a pressão sobre Pyongyang.

Após a reunião, os dois líderes afirmaram num comunicado conjunto os seus compromissos para os desafios nucleares futuros, bem como uma maior cooperação "inclusiva, coordenada, sustentável e robusta".

A China assume um papel fundamental para travar as ambições nucleares do regime de Kim Jong-un, uma vez que é o seu principal aliado – e único com peso. Nos últimos meses, Pequim tem-se distanciado dos testes nucleares realizados por Pyongyang, mas mantém a posição de que a crise norte-coreana não se irá resolver somente através das sanções que, desde 2006, têm proibido o país de aceder aos mercados financeiros. Na perspectiva de Pequim, esse isolamento tem contribuído ainda mais para o empobrecimento do país e para a sua atitude cada vez mais desafiadora.

Neste sentido, apesar de os dois países afirmarem que estão de acordo com "a plena implementação" das últimas sanções aplicadas a Pyongyang, não ficou claro até que ponto poderá ir esse compromisso, sendo uma incógnita perceber se a China estará ou não disposta a ir além das medidas impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em Março.

À margem da cimeira, Barack Obama reuniu-se também com a Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, e com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e os três líderes comprometeram-se com uma defesa conjunta para combater "as ameaças" da Coreia do Norte. "Temos que trabalhar em conjunto para enfrentar este desafio", disse Obama aos jornalistas no final do encontro.

Uma posição comum entre os três países era expectável, tendo em conta que a Coreia do Sul e o Japão são os dois maiores aliados dos norte-americanos na Ásia, e partilham as mesmas preocupações relativamente à ameaça nuclear norte-coreana. Apesar de não terem revelado medidas concretas, o encontro serviu sobretudo para enviar uma mensagem firme a Pyongyang. "Concordamos que uma cooperação de segurança trilateral é essencial para manter a paz e a estabilidade no Nordeste da Ásia, bem como para dissuadir a ameaça nuclear da Coreia do Norte e o potencial de proliferação nuclear", disse Obama, ao lado de Abe e Park.

Horas depois do final do primeiro dia da cimeira, a Coreia do Sul denunciou mais um teste balístico protagonizado pelo regime de Kim Jong-un. Segundo informações de uma fonte militar sul-coreana à Reuters, a Coreia Norte lançou um míssil de curto alcance para o mar. 

Os testes norte-coreanos têm sido frequentes desde o início do ano, numa tentativa do regime de responder às sanções internacionais e à pressão para abandonar o seu programa de armamento. Só em Março o regime de Kim Jong-un já testou mísseis de curto alcance por duas vezes, tendo mesmo testado um míssil capaz de chegar ao Japão. Depois de ter feito um teste nuclear em Janeiro e de no mês seguinte ter lançado um foguetão de longo alcance, acentua-se cada vez a mais tensão no Nordeste Asiático.

Texto editado por Cláudia Lima Carvalho

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