Passos Coelho responsável pelo convite a Rui Rio para o Banco do Fomento
O convite a Rui Rio e todo o processo de nomeação da equipa que iria constituir e gerir a nova instituição foi conduzido pelo próprio primeiro-ministro.
O não de Rui Rio está a ser interpretado como sinal de que o ex-presidente da Câmara do Porto não se quer “colar” ao Governo, que, de resto, tem criticado, e que alimenta as suas próprias ambições políticas no interior do PSD. Rio já disse que não participará no próximo congresso do partido, marcado para o início de 2014, mas isso não significa que uma corrida pela liderança do PSD esteja fora dos seus horizontes. A sua recusa em liderar a comissão instaladora que, até final do primeiro semestre de 2014, tem a responsabilidade de criar o Banco de Fomento, corrobora esta tese.
“Rui Rio nunca aceitaria ser funcionário”, disse ao PÚBLICO fonte do PSD, acrescentando que o convite do primeiro-ministro “foi uma jogada inteligente, porque retirava margem de manobra ao ex-presidente da Câmara do Porto”.
Uma outra fonte sublinhou que Rio nunca aceitaria o convite, porque “ia ficar rodeado de espiões”, numa alusão ao facto de o primeiro-ministro o ter convidado depois de os restantes elementos da comissão instaladora já terem aceitado o desafio do Governo.
Para além do nome de Rui Rio – o único que foi convidado para ocupar a presidência da comissão instaladora –, estavam em cima da mesa alguns nomes de peso, como o de Artur Santos Silva, Arlindo Cunha, Miguel Cadilhe e José Fernando Figueiredo.
O deputado e líder da distrital do PSD-Porto, Virgílio Macedo, confirma que havia outras pessoas, mas não lhes dá muita importância, uma vez que, afirma, “são nomes que normalmente são apontados para situações idênticas”.
Ao PÚBLICO, Virgílio Macedo promete ler atentamente os currículos das pessoas que já foram indicadas, para “ver se têm competência para o cargo”. “Vou estar atento, porque não compreendo que as pessoas indicadas sejam todas de Lisboa”, declara.
“É inaceitável que uma instituição com sede no Porto tenha o conselho de administração sediado em Lisboa. Será que essas pessoas vão deixar Lisboa para viver no Porto? Ou será que vão passar a gerir o banco a partir de um qualquer gabinete de Lisboa como aconteceu no passado com o IPAMEI [Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas], que tinha sede no Porto e era governado a partir de Lisboa?”, questiona o dirigente nacional do PSD, deixando um desabafo: “Isso é uma farsa!”.
O Banco do Fomento, com sede no Porto, ficará na dependência sectorial do Ministério da Economia, em articulação com o membro do Governo responsável pelo Desenvolvimento Regional, “sem prejuízo da função accionista exercida pelas Finanças”.
A nova instituição, que terá um estatuto equiparado ao de um banco, vai gerir verbas da União Europeia e poderá recorrer a empréstimos bancários para garantir um fundo destinado ao investimento e à capitalização de pequenas e médias empresas. O Governo anunciou este mês que a dotação inicial do banco ascenderá a 1500 milhões de euros.
Na sua página do Facebook, Luís Filipe Menezes comentava o assunto, lembrando que reivindicou “com veemência a sua instalação no Porto” e dava conta que, durante este ano, “Rui Rio foi dos mais constantes críticos de Passos Coelho” e agora declinou o convite de Passos. Com Manuel Carvalho