Para salvar o país é preciso demitir o Governo, convocar eleições antecipadas, romper com esta política
Todos os ventos pareciam soprar a favor dos poderosos do mundo - aqui no cantinho à beira mar plantado representados pelo FMI, pelo Banco Central Europeu e pela União Europeia -, ajudados no plano nacional por uma maioria, um Governo, um Presidente e o maior partido da oposição, decididos a levar por diante o memorando que assinaram com a troika estrangeira. Parecia que tinham a faca e o queijo na mão. E afinal, dois anos depois, o Governo, a maioria e a política que praticam estão derrotados e isolados.
O Presidente da República, empenhado em salvar a política de direita, quer fazer crer que é possível sair do buraco com quem o cavou. PS, PSD e CDS são não só os responsáveis pelos governos dos últimos 37 anos como os subscritores do memorando de entendimento que agravou todos e cada um dos problemas do país. Ao não dissolver o Parlamento e não convocar eleições, o Presidente assume para si a responsabilidade de todas as consequências que vão resultar deste caminho de degradação económica e social. O Presidente da República não quer dar a palavra ao povo porque sabe que o resultado das eleições seria uma gigantesca condenação deste rumo.
A política definida no memorando está errada e falhou. Insistir em mais do mesmo só afundará mais o país. Mas é isso que Cavaco quer garantir: que o Orçamento do Estado para 2014 passa com mais roubos nos salários e nas pensões, mais cortes na saúde, na educação e na segurança social, com mais despedimentos e privatizações. Não importa que os portugueses sejam condenados à pobreza, ao desemprego, à emigração, a doenças evitáveis, desde que os milhares de milhões de euros que a “ajuda” da troika nos custa no próximo ano estejam pontualmente nas contas da banca nacional e estrangeira.
Romper com esta política e assegurar uma política patriótica e de esquerda é um imperativo nacional. Uma política que liberte Portugal da dependência e da submissão, que recupere para o país o que é do país, que devolva os direitos, salários e rendimentos roubados aos trabalhadores e ao povo.
É neste quadro que tem grande importância o apelo que o PCP lançou hoje às forças sociais, aos partidos e forças políticas, aos democratas, que têm como objectivos a demissão do Governo, a realização de eleições e a rejeição do pacto de agressão. Nos próximos dias realizar-se-ão encontros com o PEV, a ID, o BE, diversas organizações sociais e personalidades. O facto de o PS não estar incluído nestes contactos não significa qualquer recusa de encontros – significa, simplesmente, que quem acaba de renovar o seu compromisso com o Pacto de Agressão e está neste preciso momento a negociar com o PSD e o CDS-PP a continuação da política de direita, não pode esperar ao mesmo tempo ser incluído no número daqueles a combatem.
Foi a luta do povo português que derrotou este Governo e esta maioria. Vai ser a luta que obrigará à realização de eleições antecipadas, à ruptura com o pacto de agressão das troikas, a um novo rumo na vida nacional. Há neste país forças suficientes para construir uma alternativa patriótica e de esquerda.