Manifestações de sábado com pouco eco na imprensa internacional

Referência a Grândola, vila morena foi uma constante nas notícias de jornais dos protestos de sábado em Portugal.

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O El País escreveu que "Portugal voltou a sair à rua de forma massiva, pacífica e exultante”. E destacou o momento em que no Terreiro do Paço, em Lisboa, “todos, como uma só e impressionante voz, cantaram Grândola Vila Morena, agora ressuscitada e convertida em hino moderno contra os cortes, contra a troika e contra a vida precária e o futuro sem horizonte”. Um cartaz empunhado por Isabel Mora, 46, e uma filha de 16, que perdeu o pai há cinco meses, chamou a atenção do repórter: “O 25 de Abril que o meu pai fez, vou ter de voltar a fazê-lo eu”.

Também o El Mundo destacou o canto de Grândola, “que se repetia em outras 40 cidades” e deu eco ao desagrado de muitos manifestantes com os políticos. “Durante mais de 30 anos de democracia não deixaram de nos roubar”, disse ao jornal Carla Antunes, empregada num supermercado, que se manifestou com um cartaz em que se lia: “É melhor votar em Ali Babá, ao menos assim sabes que são só 40 ladrões”.

No resto da Europa, os protestos anti-troika dos portugueses tiveram, pelo menos nos sites noticiosos, até ao início da manhã, expressão limitada. A imprensa francesa deu pouco relevo às manifestações. A rádio RFI acompanhou-as através da sua correspondente em Lisboa. “Velhos, jovens, famílias, a manifestação juntou gente de todas as condições e de todas as proveniências”, escreveu, sem esquecer que, no final do cortejo, os manifestantes cantaram em uníssono Grândola, vila morena.  Os jornais Le PointLe Parisen e o site do Nouvelle Observateur foram alguns dos que assinalaram a “maré humana contra a austeridade” – título destes últimos -  a partir da reportagem da agência AFP.

O site da BBC noticiou os protestos, com recurso a agências. Enquadrou a situação com dados do desemprego e da recessão, notou que as manifestações coincidiram com a presença em Portugal de uma delegação da troika e disse que se cantou Grândola, canção associada ao 25 de Abril. “O Governo deixou o povo a pão e água, vendeu os bens do Estado ao desbarato para pagar dívidas contraídas por políticos corruptos para beneficiar banqueiros”, disse Fábio Carvalho, realizador que falou à Reuters.

O Washington Post reproduziu na sua versão online um texto da agência Associated Press em que se refere também o canto de Grândola e se dá destaque às palavras de um manifestante, Serafim Lobato, 65 anos. “Se o Governo prestar atenção ao que está a acontecer e compreender que as pessoas estão contra ele, deve sair”, diz. “Se não, isto não vai parar.” O Wall Street Journal assinalou no seu site  o protesto contra a troika e o Governo.

Num texto elaborado a partir de despachos das agências, o site da televisão árabe Al-Jazeera noticia os protestos e o canto de Grândola, e traça o quadro de austeridade em que o país vive.

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