Pedreira acusa escolas de educação de facilitismo
a O secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, sustentou ontem, em declarações à Lusa, que "não tem absolutas garantias" de que a formação prestada por todas as instituições de ensino superior "corresponda aos padrões de qualidade exigível" à profissão docente. Pedreira adiantou que existem "indícios" de facilitismo e eventual inflação de notas em alguns cursos, e citou os casos da Escola Superior de Educação Jean Piaget, e do Instituto Superior de Ciências Educativas, ambos privados, onde se formou um terço de todos os professores admitidos no sistema nos últimos dez anos. Esta situação, segundo Pedreira, justifica que se mantenha a exigência de um exame para o ingresso na profissão, conforme estipulado no actual Estatuto da Carreira Docente. O Ministério da Educação e os sindicatos iniciam no próximo dia 28 negociações para a revisão do ECD, sendo a prova de ingresso das primeiras matérias a discutir.
Com vista a estas negociações, a Federação Nacional de Professores divulgou já as suas propostas sobre a avaliação e a estrutura da carreira. A Fenprof defende que o mérito seja recompensado monetariamente, mas recusa ligar a progressão na carreira à avaliação de desempenho. Neste processo é privilegiada o que chama a "co-avaliação" feita por professores do mesmo grupo disciplinar.
"Um salto em frente", comentou ao PÚBLICO Paulo Guinote, autor do blogue A Educação do Meu Umbigo: "Um aspecto positivo é a admissão de uma diferenciação pelo mérito, que durante muito tempo esteve longe das reivindicações salariais".
Este professor considera, contudo, que há aspectos nas propostas da Fenprof que parecem padecer do "mal típico do estudo do gabinete, pouco atento à realidade do quotidiano das escolas". E contesta que "o 'enfoque avaliativo incida na avaliação qualitativa de um processo', pois a concepção subjacente é a mesma que tão maus resultados deu na avaliação dos alunos".