Asiáticas já chegaram a Portugal
a Na Guarda só de quando em quando aparecem africanas ou europeias de Leste entre as brasileiras que se dedicam ao trabalho sexual. Ali, as poucas portuguesas tendem a estar em fim de carreira. Aveiro oferece maior diversidade, talvez por ser um local de passagem. Lisboa é a explosão, até asiáticas oferece. Decididos a apurar especificidades sociais e geográficas, os autores do relatório Tráfico de mulheres em Portugal para fins de exploração sexual seleccionaram três distritos: o da capital, um transfronteiriço, um que configura o perfil de centro urbano de média dimensão. Fizeram entrevistas, observaram casas de alterne, analisaram anúncios na imprensa.
Na Guarda, o trabalho sexual parece pouco por ser mais periférico, "sobretudo no que diz respeito às "casas de alterne" e à prostituição de rua", notam. A oferta diminuiu (quer na cidade, quer no distrito), mas tal não significa que os habitantes da Guarda estejam menos interessados nestes serviços. Com a abolição de fronteiras, os camionistas deixaram de ali estar dois e três dias à espera do despacho aduaneiro para passar. Como eles, os egitanienses num instante atravessam a fronteira.
Desde 2000, cada vez mais, "o mercado da prostituição concentra-se do outro lado da fronteira". Por a garantia de anonimato ser maior em Espanha, por ser mais difícil abrir um espaço destes em Portugal e haver mais fiscalização. Ainda assim os investigadores visitaram sete casas na Guarda: umas dirigidas a classes baixas e outras a classes médias-altas.
Em Aveiro, a prostituição de rua também é pouco visível. A prostituição faz-se, principalmente, em apartamentos. Aqui, também é nas zonas circundantes à cidade que vingam estabelecimentos, espaços com maior qualidade do que os da Guarda - "têm mais a forma de bares, é mais difícil encontrar aquelas casas com anexos ou com um primeiro andar com quartos".
O distrito de Lisboa concentra maior diversidade - por ser capital, por acolher mais imigrantes. Ao contrário da Guarda e de Aveiro, em Lisboa "a prostituição de rua tem uma visibilidade significativa no próprio centro da cidade". Aqui as brasileiras também dominam, mas abundam mulheres da Europa Central e de Leste (mais romenas). E, "fenómeno novo", há mulheres asiáticas, em particular chinesas. Só o Correio da Manhã publica, em média, por dia, cerca de 700 anúncios da Grande Lisboa (1200 a nível nacional). Ana Cristina Pereira
Prostituição invisível no centro de Aveiro e da Guarda, mas bem à mostra no centro de Lisboa. Pela garantia de anonimato