Catarina Martins reconhece que cartaz polémico foi "um erro"

A porta-voz do BE admite responsabilidades da direcção no recursos à imagem de Jesus e diz que a mensagem "não foi compreendida".

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Catarina Martins quis esvaziar a polémica Miguel Manso

Catarina Martins reconheceu este sábado que o cartaz com a imagem de Cristo e as palavras "Jesus também tinha dois pais", feito pelo Bloco de Esquerda para assinalar a aprovação da adopção plena no Parlamento, foi "um erro".

"Quisemos assinalar uma conquista muito importante no campo da igualdade, uma forma de o fazer foi a tradução de um slogan do movimento internacional Cristão pela Igualdade, não foi compreendido e como não foi compreendido é um erro", afirmou Catarina Martins aos jornalistas à entrada para a sessão de encerramento do XIII Congresso da CGTP, em Lisboa, transmitidas pela RTP3.

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 Questionada sobre se a direcção do partido tinha sido consultada sobre aquela campanha, Catarina Martins assumiu a responsabilidade, dizendo que "tudo o que o BE faz passa pela direcção".

Mas a seguir esvaziou a polémica: "As imagens passam, mas as conquistas pela igualdade ficam", afirmou, pondo um ponto final na polémica.

Já na sexta-feira, a eurodeputada Marisa Matias, questionada no Facebook sobre o cartaz, também considerou que "saiu ao lado da intenção que se pretendia", e por isso "foi um erro".

Este sábado, o semanário Expresso avança que o provedor de Justiça está a analisar uma queixa apresentada por quase três mil pessoas, contra o cartaz, que consideram "blasfemo e ofensivo dos sentimentos religiosos de muitos portugueses".

Depois do PÚBLICO ter noticiado a campanha do BE na qual se inseria a imagem polémica, as reacções sucederam-se em cadeia ao longo de toda a sexta-feira. As maiores críticas vieram logo de manhã, pelo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Barbosa, que considerou a imagem “uma afronta aos crentes”, “uma analogia sem sentido”.

Também o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, afirmou que a imagem "falseia a verdade". "Com certeza que Jesus sempre se referiu a Deus como seu pai, mas tinha uma mãe, que era Maria, casada com José, que adoptou Jesus", disse, citado pela Agência Ecclesia.

O CDS também não perdeu tempo. No Parlamento, Pedro Mota Soares ressalvou que "a liberdade de expressão” é “total", mas há que ter em conta " a sensibilidade das pessoas". E aquela imagem é uma "ofensa gratuita à sensibilidade de muitos portugueses".

A imagem circulou apenas nas redes sociais, não tenho chegado a transformar-se em cartaz, como tinha sido anunciado pelo BE. E foi nas redes sociais que deu origem a um intenso debate e provocou o aparecimento de muitas outras imagens humorísticas envolvendo figuras nacionais e até dirigentes do Bloco.

 

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