Cavaco Silva dá luz verde ao corte das pensões acima de mil euros
Orçamento Rectificativo foi promulgado pelo Presidente da República. Partidos da oposição prometem levar nova versão da CES ao Tribunal Constitucional.
Depois de no ano passado ter pedido a fiscalização sucessiva de alguns artigos do Orçamento do Estado para 2013 – nomeadamente o da CES –, este ano Cavaco Silva deixou passar a nova versão que afecta mais pensionistas da função pública e do regime geral da Segurança Social. A decisão já se anunciava, quando se percebeu, em final de Fevereiro, que o Presidente não pediu a fiscalização preventiva do Rectificativo. Mas os partidos da oposição já se comprometeram a enviar o documento para o Tribunal Constitucional.
Até aqui, a CES implicava um corte de 3,5% a 10% nas pensões brutas acima de 1350 euros. Na nova versão, essas taxas de redução passam a incidir sobre pensões superiores a mil euros e o limiar de rendimentos a partir do qual se aplicam as taxas marginais de 15% e 40% foi alterado. A medida vai atingir mais 165 mil reformados, a maioria dos quais da função pública e que até aqui estavam isentos da CES. Ao todo serão afectadas cerca de 506 mil pessoas, de acordo com os dados da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).
A lei que agora recebeu luz verde do Presidente da República entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação. O Governo espera começar a aplicar a nova CES a partir de Abril, mas a data concreta depende da publicação em Diário da República.
O Orçamento Rectificativo prevê ainda uma norma de salvaguarda para os beneficiários de pensões de sobrevivência (devidas pela morte do cônjuge) de um duplo corte: a CES e o recálculo desta pensão. Quem recebe mais de 2000 mil euros de pensões (a de sobrevivência e outras a que tenha direito) só será afectado por um dos cortes, consoante o que for mais elevado.
Esta salvaguarda produz efeitos desde o dia 1 de Janeiro e os casos dos beneficiários que sofreram um corte a dobrar serão rectificados. Os cortes nas pensões de sobrevivência afectam tanto os beneficiários da Segurança Social como os da Caixa Geral de Aposentações. Mas enquanto na função pública o corte já está a ser feito desde Janeiro, na Segurança Social só terá começado este mês de Março, devido a dificuldades no sistema informático. De acordo com as explicações dadas anteriormente pelo ministério de Mota Soares, o acerto será feito depois de os pensionistas receberem o subsídio de férias, ou seja no segundo semestre.
A nova CES surgiu na sequência do chumbo constitucional de um artigo da Lei da Convergência que determinava um corte de 10% nas pensões em pagamento da Caixa Geral de Aposentações.