Está confirmado: 2022 foi o ano mais quente em Portugal continental desde que há registos. A temperatura média ao longo do ano foi de 16,64 graus Celsius, 1,38 graus acima do valor normal – definido pelo período entre 1971 e 2000 –, avança agora o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Anteriormente, o ano mais quente tinha sido 1997, quando a temperatura média ao longo do ano foi de 16,57 graus Celsius, 1,31 graus acima do valor normal.
Em 2022, o calor foi-se mostrando ao longo do ano, com seis ondas de calor: uma em Maio, outra em Junho, uma terceira em Julho, duas em Agosto e uma final, já em Outubro.
“Cada vez mais temos tido esta frequência de extremos, principalmente associados ao calor”, explica Vanda Cabrinha, climatologista do IPMA, que comunicou ao PÚBLICO os dados sobre as condições meteorológicas de 2022, informação que irá ser publicada em resumo pelo instituto nesta terça-feira. Depois, o boletim com os dados completos sobre o ano que passou está programado para sair no fim de Janeiro.
Ano mais quente, mas sem recordes
Apesar de não terem sido batidos recordes, os extremos da temperatura de 2022 andaram lá perto. A temperatura máxima ao longo do ano (a média das temperaturas máximas de cada mês) foi de 22,32 graus, a segunda mais alta desde que há registo, que se iniciou em 1931. O primeiro lugar continua a pertencer ao ano de 2017, em que a média da temperatura máxima foi de 22,82 graus.
Já a temperatura mínima de 2022 (a média das temperaturas mínimas registadas a cada mês) foi de 10,96 graus, a quarta mais alta de sempre. Nesta categoria, 1997 continua a manter o recorde, com 11,26 graus, seguindo-se 1995, com 11,02 graus, e em terceiro lugar está 1989, com 11 graus.
“Cada vez mais vamos registar este tipo de extremos, este ano enquadra-se na questão das alterações climáticas”, adianta Vanda Cabrinha.
2022 teve “um bocadinho de tudo”
Além das ondas de calor, os outros fenómenos importantes ocorridos em 2022 e que serão referidos no resumo de amanhã é o período de seca nos primeiros nove meses do ano, “que na altura foi bastante significativo, mas felizmente já recuperámos”, refere a climatologista, e os eventos de precipitação em Setembro e em Dezembro.
Em Setembro, houve a tempestade Danielle, e em Dezembro registaram-se quatro situações de precipitação intensa: a 4 e 5 de Dezembro, no Algarve; a 7 e 8, e 12 e 13, em Lisboa; e dia 31 no Minho e Douro Litoral.
“Houve um bocadinho de tudo”, ao longo de 2022, avalia Vanda Cabrinha. “Calor, seca, cheias e inundações. Só não houve muito frio. Mesmo em Janeiro e Fevereiro tivemos temperaturas muito altas”, acrescenta. “Os meses que por norma são os mais frios também não tiveram frio, e isso acabou por contribuir para este valor final.”