Dois militares da GNR detidos por suspeitas de corrupção: recebiam dinheiro e peixe em troca de informações

Em causa estão suspeitas de crimes de corrupção passiva, corrupção activa e tráfico de estupefacientes relacionados com o recebimento de contrapartidas com a finalidade de evitar as fiscalizações a empresários. A Policia Judiciária deteve cinco suspeitos no âmbito da Operação Merluccios.

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Dois militares da GNR entre os cinco detidos pela Policia Judiciária, no âmbito da operação Merluccios. Rui Gaudencio

Dois militares da GNR estão entre os cinco detidos pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito de um inquérito em que se investigam suspeitas de corrupção passiva, corrupção activa e tráfico de estupefacientes. O inquérito, dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Leiria, culminou no desencadear da Operação Merluccios.

Segundo um comunicado da Policia Judiciária (PJ) divulgado nesta quarta-feira, estes crimes estão relacionados com o recebimento de contrapartidas por parte de elementos da GNR, com a finalidade de evitar as fiscalizações a empresários. Ainda de acordo com a PJ, os cinco detidos têm idades compreendidas entre os 46 e os 53 anos.

Ao que o PÚBLICO apurou junto da PJ, os dois militares recebiam dinheiro e alguns géneros, nomeadamente peixe, em troca de informações sobre as fiscalizações que as autoridades iam levar a cabo. Os empresários, que são comerciantes de peixe, com exportações para Espanha, usavam as informações fornecidas pelos dois GNR para evitar fiscalizações à carga que transportavam.

Podem estar em causa, além de outras irregularidades, eventuais crimes fiscais, uma vez que há indícios de que os empresários não estariam a declarar ao fisco a totalidade da carga exportada. Acresce que um dos empresários foi apanhado com estupefacientes. A investigação começou há um ano e ainda continua. Na origem deste inquérito, estiveram várias denúncias sobre a actividade extra dos militares da GNR.

Assim, segundo a PJ, foram levadas a cabo 11 buscas, sendo oito em domicílios, duas em sedes de empresas e uma ao Subdestacamento de Controlo Costeiro de Peniche da GNR”.

A GNR, por sua vez, também confirmou as buscas e a detenção de dois dos seus militares. “Ressalva-se que a Guarda prestou toda a colaboração durante as diligências processuais levadas a cabo pela PJ”, lê-se no comunicado da GNR, que sublinha que vai “proceder ao levantamento do respectivo procedimento disciplinar inerente a este tipo de situações”.

No mesmo comunicado, a GNR reafirmou o seu compromisso “de tolerância zero a todas as formas de corrupção e outros fenómenos de criminalidade, pautando a sua actuação diária pela primazia da segurança e da salvaguarda de todo e qualquer cidadão”.

Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal Judicial de Leiria.

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