Coronavírus: venda de máscaras em Portugal dispara mais de 1800%
Em Fevereiro foram vendidas mais de 400 mil máscaras. As autoridades de saúde referem que apenas as pessoas infectadas e seus cuidadores devem usar máscaras de protecção. Em Portugal há cinco pessoas infectadas com o novo coronavírus.
A epidemia do novo coronavírus que tem corrido o mundo chegou a Portugal na passada segunda-feira. Desde então foram já confirmados cinco casos em território nacional. A venda de desinfectantes e máscaras teve um aumento exponencial, em especial as últimas, com um crescimento homólogo de mais de 1800%.
Dados divulgados ao PÚBLICO pela Associação de Nacional de Farmácias mostram que só no passado mês de Fevereiro foram vendidas 419.539 máscaras em Portugal. No mesmo mês de 2019, as vendas foram de 21.746, o que se traduz num crescimento homólogo de 1829,3%. Recorde-se que em Janeiro já tinham sido vendidas mais 66.693 máscaras, contra 25.835 no mesmo mês do ano anterior.
Já os desinfectantes tiveram um crescimento menor, de 221,1%, passando de 61.953 em Fevereiro de 2019 para 198.939 no mesmo mês deste ano.
Devo utilizar máscara?
O pneumologista Filipe Froes disse ao PÚBLICO no passado domingo que “[havendo casos em Portugal] quem deve usar máscara são as pessoas infectadas para diminuir o risco de infecção na comunidade e, numa terceira fase, de ainda maior disseminação do vírus, devem também usar máscara as pessoas que estão identificadas como pertencentes a grupos de risco”. Aliás, o especialista alerta que o uso de máscaras pode até ser prejudicial se estas estiverem mal colocadas ou se as pessoas estiverem constantemente a colocar as mãos na máscara e na cara. A desenfreada procura de máscaras pode, aliás, levar à ruptura de stocks e a problemas para garantir este tipo de protecção a quem realmente precisa (pessoas infectadas, profissionais de saúde e, numa fase mais adiantada de contágio na comunidade, pessoas em grupos de risco).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem insistido que o uso de máscaras é aconselhado a pessoas infectadas e profissionais de saúde. “As pessoas saudáveis só devem usar máscara se estiverem a cuidar de uma pessoa infectada.” Os especialistas em saúde pública e em doenças infecciosas dizem o mesmo.
A corrida às máscaras tem sido interpretada como uma manifestação do medo da população, alimentado pela propagação de informação falsa na internet, e que leva as pessoas a tomarem estas decisões que não são aconselhadas pelas autoridades de saúde. Sobre a informação falsa, Mark Zuckerberg, director-executivo do Facebook, diz, numa publicação partilhada na rede social, estarem “focados em parar com embustes e desinformação perigosa”. A informação disponível para os utilizadores será apenas da OMS ou das autoridades sanitárias locais.
A Covid-19 em Portugal
Há de momento cinco casos confirmados do novo coronavírus em Portugal. Os cinco infectados com o vírus Sars-CoV2 são homens, com idades entre os 30 e os 60 anos. Três deles são do Porto, um de Lisboa e um de Coimbra. Até agora, em todos os casos conseguiu-se apurar terão contraído o vírus, seja por contacto entre sim ou por terem vindo de zonas do mundo afectadas.
Desde Janeiro já foram testadas mais de 100 pessoas, de acordo com a DGS — e apenas estes quatro foram positivos.
As informações prestadas pela DGS para evitar o contágio pelo novo coronavírus passam por: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir, com lenço de papel (depois deitar o mesmo no lixo) ou com o cotovelo, nunca com as mãos; lavar as mãos frequentemente — sempre que se assoar, espirrar, tossir ou após contacto directo com pessoas doentes; evitar contacto próximo com pessoas com infecção respiratória. Em caso de suspeita de contágio (e antes de se dirigir a qualquer unidade de saúde), a DGS recomenda que ligue para a linha SNS24: 808 24 24 24.
A OMS tem ainda um espaço no seu site oficial para aconselhamento do público a que chamou “Myth busters” (qualquer coisa que numa tradução literal seria “caça mitos”). Neste local a OMS informa, por exemplo, que os secadores de mãos não matam o vírus, que pulverizar todo o corpo com álcool não vai matar o vírus e pode ser prejudicial para a saúde, que as encomendas ou cartas que chegam da China são seguras, que não há qualquer prova que indique que os animais de estimação como os cães e gatos transmitam o vírus, que as vacinas para a gripe sazonal não protegem as pessoas para este coronavírus, que os antibióticos (usados para combater bactérias e não vírus) não servem para tratar a Covid-19.