Universidade islâmica convida imãs portugueses para curso contra radicalismo
"Espero que os imãs de Portugal nos dêem a honra de vir cá e estudar, durante dois meses, como apresentar o Islão correcto em Portugal para que os muçulmanos se tornem verdadeiros cidadãos no tecido da sociedade portuguesa", diz Ahmed Al-Tayeb, da Universidade do Cairo.
O reitor da maior universidade islâmica do mundo apela, em entrevista à Lusa, aos imãs portugueses para frequentarem um curso de formação que desmonte ideias radicais ou extremistas. Ahmed Mohamed Al-Tayeb, sheik da universidade de Al-Azhar, no Cairo, admite que a mensagem islâmica está a ser deturpada por vários movimentos sectários.
É por isso que a instituição que lidera, a maior do género no mundo islâmico, lançou um programa especial. "Espero que os imãs de Portugal nos dêem a honra de vir cá e estudar, durante dois meses, como apresentar o Islão correcto em Portugal para que os muçulmanos se tornem verdadeiros cidadãos no tecido da sociedade portuguesa", afirmou Ahmed Al-Tayeb à Lusa.
O programa tem uma duração de dois meses e visa desmontar alguns preconceitos ou ensinamentos que contrariam a doutrina. "Convidamos os imãs para virem cá. Vão receber formação sobre os problemas, como resolvê-los e como ensinar as pessoas o conceito correcto para solucionar os problemas", explicou Ahmed Al-Tayeb, salientando que a universidade já recebeu delegações da Europa.
"Por exemplo o Reino Unido enviou cerca de duas ou três delegações. Recebemos também do Paquistão, China, Iraque, Nigéria e Afeganistão", exemplificou. "Aqui, na Universidade de Al-Azhar, temos programas para formar os imãs" no contacto "com as pessoas", particularmente nas orações das sextas-feiras, explicou, admitindo que esta formação é opcional e visa somente enquadrar a doutrina teológica.
"No Islão não há hierarquia religiosa: os clérigos muçulmanos não têm poder, derivado de Deus, sobre as outras pessoas. Têm é um poder científico, educativo e intelectual para explicar o Islão", explica Ahmed Al-Tayeb, que minimiza também a importância das divisões tradicionais em que os ocidentais consideram a religião islâmica. "Não há Islão plural: islão egípcio, islão xiita, islão sunita ou islão que pertence a um determinado território. O Islão é um só. E todos os muçulmanos compartilham estes fundamentos", explica.
O objectivo da universidade, que tem mais de 300 mil alunos, entre os quais 30 mil estrangeiros, é ensinar os fundamentos teológicos da religião do modo que consideram adequado e sem os "desvios" doutrinários recentes.