Edgar Silva prevê os gastos mais elevados, Nóvoa é o que tem mais receitas

O candidato do PCP é o único que contabiliza contribuições partidárias, Marcelo apresenta o orçamento mais surpreendente. Nos boletins de voto, Henrique Neto é o primeiro e Paulo Morais o último.

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Palácio de Belém Nuno Ferreira Santos

Edgar Silva é o candidato presidencial que mais admite gastar ao longo da campanha: tem estimado custos à volta dos 750 mil euros, sendo que PCP/PEV entram com 342.250 euros para este bolo. É o único dos dez candidatos a Belém com contribuições partidárias em dinheiro, segundo os orçamentos divulgados esta segunda-feira peloTribunal Constitucional (TC).  

Porém, é Sampaio da Nóvoa quem apresenta o maior orçamento. O ex-reitor da Universidade de Lisboa prevê um total de receitas na ordem dos 968 mil euros, sem qualquer contribuição partidária mas com uma subvenção estatal que estima em 798 mil (comparando com os 377.750 de Edgar Silva). O total das despesas previstas está orçamentado em 742 mil, pelo que as receitas são superiores à despesa. Se tal acontecer, terá de devolver dinheiro no final da campanha.

Questionado pela Lusa sobre o seu orçamento para a campanha, o segundo que prevê maiores despesas, Nóvoa sublinhou de todo o modo os "custos muito controlados", nomeadamente por comparação com presidenciais de outros anos. "Estamos a fazer uma candidatura com custos muito controlados, mas temos de fazer uma candidatura com o mínimo de projeção do ponto de vista nacional", assinalou todavia.

Sobre a notoriedade de Marcelo Rebelo de Sousa e os seus anos de comentador televisivo, Sampaio da Nóvoa frisou que, se tais momentos televisivos contassem como tempos de antena, "os orçamentos já estariam todos esgotados" para o candidato apoiado por PSD e CDS-PP.

Maria de Belém também conta ter receitas superiores às despesas. Apresentado “zero” euros de “contribuição de partidos políticos”, a antiga ministra da Saúde e da Igualdade estima 790.656 euros de subvenção estatal e 650 mil de despesa total na campanha. Edgar Silva, Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém são líderes destacados nas despesas em comparação com os outros candidatos.

Marisa Matias é a candidata que fica a meio termo no capítulo das despesas. Com 455 mil euros orçamentados, aproximadamente, fica longe do pelotão cimeiro mas bastante à frente do candidato seguinte, Henrique Neto, que prevê gastar 275 mil euros.

Marcelo Rebelo de Sousa tem o orçamento de campanha mais surpreendente. O candidato mais bem colocado nas sondagens admite recolher cerca de 157 mil euros de receitas e gastar o mesmo em despesas, e também não conta com contributos de partidos políticos. Aos jornalistas, à margem da apresentação da sua mandatária nacional, o candidato considerou "um escândalo" os gastos elevados na campanha presidencial.

"É aquilo que eu sempre pensei, que as campanhas eleitorais devem ser muito mais modestas em termos de recursos financeiros, e então em período de crise é um escândalo estar a falar em centenas de milhares de euros, ou em milhões de euros, quando as pessoas estão com as dificuldades no dia a dia, na sua saúde, na segurança social, nas despesas básicas da vida", afirmou, citado pela Lusa.

O antigo presidente do PSD e ex-comentador político da TVI recusou qualquer relação entre o orçamento que apresentou, de cerca 157 mil euros, e a sua notoriedade. "Eu conheço muitos candidatos com notoriedade muito elevada que, no entanto, tiveram campanhas dispendiosas ao longo da vida, quer em campanhas legislativas, quer em campanhas presidenciais. E eram muito conhecidos, muito, muito conhecidos - tinham décadas de experiência política e de notoriedade pública e de exercício de cargos públicos", apontou.

Depois dos “presidenciáveis”, aparecem Jorge Sequeira (123.5 mil), Paulo Morais (93 mil), Cândido Ferreira (60 mil) e Tino de Rans (50 mil) de orçamentos de campanha.

Neto em primeiro nos boletins de voto
O candidato a Presidente da República Henrique Neto vai ser o primeiro nome a aparecer nos boletins de voto das eleições de Janeiro. O Tribunal Constitucional (TC) sorteou esta segunda-feira a ordem dos candidatos. Paulo Morais ocupa o último lugar.

A ordem dos dez candidatos presidenciais já está definida: depois do antigo dirigente socialista, aparece o nome de António Sampaio da Nóvoa. Em terceiro lugar está o médico Cândido Ferreira, seguido do candidato apoiado pelo PCP, Edgar Silva, e pelo “independente” Jorge Sequeira, psicólogo e motivational speaker. Em sexto lugar está Vitorino Silva, o calceteiro e antigo autarca de junta no concelho de Penafiel popularmente conhecido por Tino de Rans.

Marisa Matias, deputada europeia apoiada pelo Bloco de Esquerda, fica em sétimo, enquanto Maria de Belém, ex-presidente do PS, surge em oitavo lugar. Na penúltima posição figura o único candidato do espectro da direita, Marcelo Rebelo de Sousa, e em último o ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto Paulo Morais.

O TC lembra que esta ordenação é ainda provisória, pois os juízes do Constitucional têm até 4 de Janeiro para decidir sobre a admissibilidade das candidaturas. No entanto, o Presidente José Sousa Ribeiro revelou que os trabalhos no Palácio Ratton estão adiantados e que é provável que o TC não deixe esgotar o prazo limite de avaliação.

A lista de candidatos à Presidência da República é elaborada definitivamente a 11 de Janeiro, depois de eventuais reclamações serem admitidas até dia 5. Texto editado por Leonete Botelho

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