O dia-a-dia da crise
4 de Outubro
Na noite eleitoral, depois de felicitar Passos Coelho, António Costa pronuncia três “nãos”. Não se demite de secretário-geral do PS, não fará uma maioria negativa à esquerda sem alternativa ao Governo de Passos Coelho e não apoiará as políticas de austeridade da coligação PSD/CDS.
5 de Outubro
Na comemoração do 105.º aniversário da implantação da República, Fernando Medina, sucessor de Costa na Câmara de Lisboa, refere um caderno político para a esquerda: manutenção de Portugal no euro e consenso em volta da moeda única; assegurar a convergência económica e social de Portugal com a Europa
6 de Outubro
Em declaração ao país, o PR comunica que convidou Passos Coelho para “desenvolver diligências em vista a avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa”. Cavaco Silva referiu, ainda, a necessidade de manter os compromissos internacionais do país, com a NATO, União Europeia e zona euro, numa crítica implícita aos programas do PCP e do BE.
7 de Outubro
Reunião na sede do PCP de delegações do PS e dos comunistas. Jerónimo de Sousa surpreende socialistas e mostra disponibilidade para apoiar um Governo de iniciativa do PS.
9 de Outubro
Reunião inconclusiva de António Costa com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. O socialista alega que PSD e CDS-PP não apresentaram qualquer proposta.
12 de Outubro
Costa sai satisfeito da reunião do PS com o BE: “Identificámos um conjunto de matérias passíveis de convergência.”
12 de Outubro
PR recebe Costa que informa Cavaco das suas diligências à esquerda.
13 de Outubro
Passos e Portas na sede socialista do Largo do Rato. “Reunião inconclusiva”, diz o líder do PSD.
20 de Outubro
PR recebe Costa que lhe diz ter condições para formar Governo com apoio maioritário no Parlamento.
20 e 21 de Outubro
PR recebe partidos políticos com assento parlamentar.
22 de Outubro
Em comunicação ao país, PR anuncia ter indigitado Passos como primeiro-ministro.
30 de Outubro
No Palácio da Ajuda, o PR dá posse ao novo Executivo de Passos, o XX Governo Constitucional.
8 de Novembro
Após reunião do Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa anuncia, em conferência de imprensa, moção de rejeição ao Governo de Passos Coelho e apoio a um Executivo de iniciativa socialista “na perspectiva da legislatura”.
9 de Novembro
Passos Coelho apresenta no Parlamento programa de Governo.
10 de Novembro
No Parlamento, em actos separados, os líderes do PS, BE, PCP e PEV assinam acordos bilaterais de apoio a um Executivo socialista.
10 de Novembro
Governo de Passos Coelho cai, 11 dias depois de ter tomado posse, à mercê de uma moção de rejeição do PS.
11 de Novembro
PR recebe Presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado, que lhe comunica o resultado da votação da moção de rejeição da véspera.
12 de Novembro
PR recebe parceiros sociais – CIP, Confederação do Comércio e Serviços, CAP, Confederação do Turismo Português.
13 de Novembro
PR recebe centrais sindicais, UGT e CGTP.
16 e 17 de Novembro
Chefe de Estado visita a Madeira e recorda que, em 1987, esteve à frente durante cinco meses de um Governo de gestão.
18 de Novembro
Cavaco Silva recebe banqueiros. Fernando Ulrich, do BPI, é o único que afirma confiar no PS de António Costa.
19 de Novembro
É a vez de o Presidente ouvir alguns economistas, que manifestam receios pelo programa económico do PS.
20 de Novembro
Os sete partidos com assento parlamentar vão a Belém. PSD e CDS dizem à saída que o PS não tem um acordo de governo estável e sugerem que se lhes deve pedir mais garantias. António Costa assegurou ter condições para fazer já o Orçamento do Estado, PCP e BE reafirmam estabilidade e governabilidade ao PS.
23 de Novembro
Cavaco Silva chama António Costa a Belém e exige-lhe seis condições que vão além dos acordos que o PS assinou com o BE, o PCP e o PEV.
24 de Novembro
Cavaco Silva volta a chamar António Costa a Belém e indica-o para primeiro-ministro.