Espanhóis voltam ao centro de Madrid para exigir demissão do Governo

Foto
Manifestantes cercam congresso pela terceira vez esta semana Reuters

Milhares de pessoas concentraram-se novamente no centro de Madrid, sábado, na terceira manifestação da semana contra as medidas de austeridade do Governo de Espanha.

Os manifestantes ignoraram os avisos do Governo e regressaram em força à Praça Neptuno e Porta do Sol, na capital do país, para um novo protesto junto ao edifício do Congresso.

Entre várias palavras de ordem, os manifestantes exigem a demissão do Governo, que apresentou uma proposta de Orçamento marcada pela subida da carga fiscal dos contribuintes e por cortes de mais de 7% na despesa do Estado.

O Governo regional de Madrid decretou a “absoluta ilegalidade” da concentração, mais uma vez convocada pela Coordenadora 25-S, a organização que evoluiu do movimento dos indignados em Espanha.

Um forte contingente policial foi destacado para o centro da capital espanhola. As autoridades municipais proibiram a instalação de gruas e o acesso de carros de exteriores necessários para os directos televisivos a partir da zona da manifestação, alegando que tal representava um obstáculo à circulação de veículos de emergência. A polícia tentou impedir o registo de imagens por vários jornalistas identificados, segundo os relatos de vários diários espanhóis.

Uma juíza de instrução que interrogou, a meio da semana, os detidos nas últimas manifestações considerou existirem “motivos suficientes” para considerar que os manifestantes devem ser responsabilizados criminalmente por “atentado, resistência e delitos contra as instituições do Estado”, sem especificar contudo as queixas concretas que recaem contra eles.

A decisão foi severamente criticada pelo ex-magistrado Baltazar Garzón, que considerou a acusação como “sarcástica” e “um erro grave”.

Mas não é só em Madrid que os espanhóis estão a protestar contra os planos anunciados pelo executivo de Mariano Rajoy: em Valência, Santander, Badajoz, Málaga e Vigo, e outras 15 cidades, houve acções da Coordenadora 25-S para denunciar o “sequestro da democracia levado a cabo pelos mercados financeiros e executado com a colaboração da maioria dos partidos políticos”.

O dia também foi de manifestações na Polónia, com dezenas de milhares de pessoas a sair à rua em Varsóvia num protesto contra o Governo do centrista Donald Tusk que juntou as organizações sindicais, os partidos de oposição de direita e a Igreja Católica.

Na Alemanha, cerca de 40 mil pessoas participaram em acções pela criação de um imposto especial sobre as transacções financeiras e as grandes fortunas, integradas no movimento nacional “Umfairteilen” contra a desigualdade social.

Sugerir correcção
Comentar