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O Festival de Cinema de Brasília: 57 anos de resistência e encanto
O Festival não é apenas um espaço de projeção, é um palco de reflexão. É onde o cinema brasileiro se olha no espelho e se pergunta sobre seus rumos, suas possibilidades e seus desafios.
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Há algo de mágico no Festival de Cinema de Brasília. Uma magia que atravessa o tempo, desafia governos, formatos e crises, e chega à sua 57ª edição com a mesma energia vibrante de quando começou. Estar presente este ano, como integrante da comissão julgadora na Mostra Brasília, foi um reencontro com o que o cinema brasileiro tem de mais essencial: a capacidade de emocionar e transformar.
O Festival não é apenas um espaço de projeção, é um palco de reflexão. É onde o cinema brasileiro se olha no espelho e se pergunta sobre seus rumos, suas possibilidades e seus desafios. Aqui, as discussões sobre a produção cinematográfica são tão importantes quanto os filmes exibidos. Em cada debate, o futuro do nosso cinema ganha contornos, ao mesmo tempo que o presente se afirma com uma força única.
Logo na primeira sessão que assisti este ano, fui impactado por Apocalipse nos Trópicos, de Petra Costa. Um retrato tão profundo quanto perturbador da política brasileira regida pela Igreja Evangélica. Esse filme, com sua coragem e sua clareza, é a própria essência do Festival de Cinema de Brasília: uma arte que não foge de temas urgentes, mas os encara com uma intensidade que nos obriga a refletir e sentir.
Mas o Festival de Brasília é mais do que cinema. É política, é identidade, é Brasil. Ele nos apresenta ao país que, muitas vezes, ignoramos: múltiplo, contraditório, pulsante. Cada filme é uma janela para histórias que nos revelam — para o bem e para o mal — e nos desafiam a entender o país que somos e o país que queremos ser.
Há um prazer inegável em estar imerso nesse ambiente contagiante, rodeado de vozes tão diversas e potentes. Ver o brilho nos olhos de quem assiste, o entusiasmo de quem debate, a cumplicidade de quem cria. É como se o Festival fosse um grande coração que bate pelo cinema brasileiro, espalhando seu ritmo por todos os presentes.
Viva o Festival de Cinema de Brasília, que há 57 anos mantém sua chama acesa. E viva o cinema brasileiro, que, mesmo diante de tantas adversidades, segue encantando, questionando e resistindo. No palco, nas telas e nas discussões, somos parte dessa celebração que insiste em nos lembrar: a arte não se cala, e o cinema nunca deixa de sonhar.