Velocista caiu durante os Jogos Olímpicos e adversária voltou atrás para a apoiar

Silina Pha Aphay correu na pista 2. A meio da corrida, viu um vulto à sua esquerda cair. Era Lucia Moris, a corredora da Pista 1, do Sudão do Sul.

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Silina Pha Aphay apoia uma companheira da modalidade Phil Noble/Reuters
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Quem corre na primeira manhã do atletismo nos Jogos Olímpicos não o faz para ganhar medalhas, já que representam países com poucos recursos, logo, com poucas possibilidades de chegar a uma final. Assim foi nesta sexta-feira: as nove atletas que correram os 100 metros representaram países como o Turquemenistão, Congo, Mauritânia... numa corrida aparentemente sem história, não fosse o gesto de Silina Pha Aphay, do Laos.

Numa manhã de muito calor, Pha Aphay, 28 anos, posicionou-se na pista 2. As nove atletas preparavam-se para correr e ficar nas três primeiras posições, de maneira a passar à próxima ronda. Tal como todas as adversárias, a velocista do Laos arrancou mas, a meio da corrida, viu um vulto à sua esquerda a desmoronar, era Lucia Morris, 23 anos, a corredora do Sudão do Sul, na pista 1.

Pha Aphay cruzou a meta em 12,45 segundos, o seu melhor tempo nesta época, mas apenas o suficiente para o sexto lugar — para a velocista a sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris terminara antes das 11h da manhã. Atrás de si, Moris estava deitada na pista, agarrada à perna direita e a gritar de dor. Pha Aphay virou-se e correu em direcção à companheira, ao mesmo tempo que acenava para que a equipa médica a ajudasse.

"Somos atletas", declarou Pha Aphay. "Somos atletas dos 100 metros, iguais. Todas as atletas de 100 metros têm obrigação de saber onde é que se magoam. E esta é uma grande competição. É um grande sonho vir aqui. Mas quando se cai, todas conhecemos a sensação", acrescentou, citada pelo The Washington Post.

E, por experiência própria, quando a atleta do Laos se aproximou, compreendeu que Moris teria dores no tendão da perna, sem puder ajudá-la e enquanto esperavam por socorro, Pha Aphay disse à companheira: "Chora. Só posso compartilhar a tua dor." E permaneceu ao lado da sudanesa até os médicos chegarem com uma maca. Pouco depois, também Salam Bouha Ahamdy, da Mauritânia, se juntou às duas adversárias.

Depois de Moris ser colocada numa maca amarela, Pha Aphay pousou a sua mão no ombro da companheira magoada e pôs-lhe as sapatilhas laranjas na maca. Para Pha Aphay e para Moris a competição em Paris terminou. Passaram à ronda seguinte: Natacha Ngoye Akamabi, do Congo, que terminou em primeiro lugar; Alessandra Gasparelli, de San Marino; e Xenia Hiebert, do Paraguai, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

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