Governo, IL e BE pedem “transparência” na Venezuela. PCP saúda eleição de Maduro

O Governo defende uma “verificação imparcial” dos votos, a IL considera que a vitória de Maduro não deve ser reconhecida e o BE diz que “falta transparência” para saber o resultado das eleições.

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A autoridade eleitoral da Venezuela atribuiu a vitória das eleições presidenciais a Nicolás Maduro Alexandre Meneghini / REUTERS
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Tal como estão a dividir os países, também em Portugal as eleições na Venezuela estão a animar diferentes reacções. Se o Governo, a Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda consideram que é necessária "transparência" sobre os resultados eleitorais, para o PCP, a vontade do povo foi expressa "livre e democraticamente".

O Conselho Nacional Eleitoral deu este domingo a vitória nas eleições presidenciais venezuelanas a Nicolás Maduro, Presidente em funções, com 51,2% dos votos. O resultado está a ser rejeitado pela oposição e por alguns países da América Latina e a levar os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) a pedirem um "apuramento pormenorizado dos votos".

O mesmo fez o Governo português, que defendeu ser "necessária a verificação imparcial dos resultados eleitorais". "Só a transparência garantirá a legitimidade; apelamos à lisura democrática e ao espírito de diálogo", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros numa publicação na rede social X, em que garantiu que acompanha "sempre a comunidade portuguesa" e saudou a "participação popular" nas eleições.

Já o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, do PS, considerou mesmo que "o Conselho Nacional Eleitoral [CNE], controlado pelo governo venezuelano, não é uma fonte imparcial e credível", defendendo, por isso, que "é fundamental conhecer os resultados específicos de cada mesa e círculo eleitoral". "O povo venezuelano tem o direito de conhecer os resultados reais", disse João Gomes Cravinho, também no X.

Foi um apelo ainda do presidente da Iniciativa Liberal, que acusa a comissão de não ser "credível" por estar "dominada por Nicolás Maduro". "É, por isso, absolutamente indispensável que se conheçam os resultados das eleições mesa a mesa por todo o país. Não deve avançar qualquer reconhecimento desses resultados com base nas informações oficiais da CNE de Maduro", defendeu Rui Rocha, num vídeo publicado nas redes sociais.

O Bloco de Esquerda, por sua vez, recuperou a "crítica" feita pelos presidentes do Chile e da Colômbia de que "o governo de Maduro não cumpriu os mínimos de transparência de um processo eleitoral democrático", assinalando que são figuras "progressistas que não se confundem com posições de Washington ou do Presidente argentino de extrema-direita, Javier Milei".

Numa publicação no X, o partido considerou ainda que o "afastamento pelo regime de várias candidaturas de esquerda contribuiu para que a alternativa a Maduro seja uma frente neoliberal que quer privatizar os recursos do país". E citou o Presidente do Brasil, Lula da Silva, que disse "ou você ganha e fica ou você perde e sai", concluindo que "falta transparência para se conhecer a resposta".

Já o Livre realça, através de comunicado, que mesmo antes do acto eleitoral “várias candidaturas foram, com razões mais ou menos ambíguas, proibidas de se apresentar a votos”, e defende “que haja transparência total sobre os resultados” para concluir apelando a “que haja uma verificação transparente e completa dos resultados eleitorais”.

PCP fala em "jornada democrática"

Em sentido contrário, o PCP saudou a eleição de Nicolás Maduro, considerando que as "forças progressistas, democráticas e patriotas venezuelanas" alcançaram "mais uma importante vitória, com esta eleição", contra "o projecto reaccionário, antidemocrático e de abdicação nacional".

Num comunicado, o partido de Paulo Raimundo critica ainda as "manobras de ingerência, que foram amplamente propagandeadas", e "denuncia as acções internas e externas que visem pôr em causa a sua legitimidade" e o "processo eleitoral e os seus resultados".

As críticas dos comunistas estendem-se também ao Governo português, cuja reacção o PCP "condena", por considerar que está "alinhada com a política de ingerência" dos EUA e da UE. "O que se exige do Governo português é uma postura de respeito pela soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela e da vontade do povo venezuelano livre e democraticamente expressa nas urnas", defende.

Para os comunistas, as eleições foram "uma importante jornada democrática, em que participaram milhões de venezuelanos e cujos resultados reafirmaram o apoio popular ao processo bolivariano" após "décadas de resistência perante as sucessivas operações de ingerência e desestabilização" externas.

O partido fala mesmo num "rol de tentativas de golpe de Estado, de sabotagem económica", "de campanhas de desinformação" ou de "não reconhecimento e tentativa de deslegitimação de actos eleitorais" que foram "promovidos pelos EUA e a extrema-direita golpista venezuelana, com o suporte da UE e de governos e forças políticas portuguesas".

E "insta ao fim das medidas coercivas impostas pelos EUA contra o povo venezuelano", como o "bloqueio económico e financeiro ou o roubo de milhares de milhões de activos" que "afrontam os princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional", lembrando "que atingem igualmente a comunidade portuguesa na Venezuela".

"O PCP reafirma a solidariedade com a luta do povo venezuelano, com o seu direito a decidir livremente e em paz o seu próprio destino, com a sua aspiração à construção de uma Venezuela de desenvolvimento, de justiça e progresso social, de paz e cooperação com os povos", termina.

Notícia actualizada com posição do Livre

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