“Temos todo o interesse em que recuperação do tempo de serviço seja o mais rápido possível”, reitera ministro da Educação
Sindicatos da Educação pedem que devolução do tempo de serviço seja feita de forma mais acelerada. Ministro diz que isso também dependerá da “disponibilidade” em encontrar consensos.
O Ministério da Educação diz-se disponível para devolver o tempo de serviço congelado aos professores o mais rapidamente possível, mas isso dependerá também da “disponibilidade” dos sindicatos em encontrar uma proposta que seja consensual. “Temos todo o interesse que seja o mais rápido possível”, frisou esta sexta-feira o ministro da Educação, Fernando Alexandre, depois de, nos últimos dois dias, ter ouvido as 12 estruturas sindicais do sector.
As negociações formais começam no início de Maio e os sindicatos já fizeram saber que querem ir além do previsto no programa do Governo: recuperar esse tempo em tranches de 20% ao ano, até ao final da legislatura.
“O que está no programa do Governo é garantir a devolução nesta legislatura e pensamos que é importante que haja uma parte que seja devolvida já este ano para que os professores sintam que há um compromisso”, notou o ministro da Educação no final das reuniões com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e com a Federação Nacional de Educação (FNE), que foram ouvidas esta sexta-feira.
Numa curta declaração aos jornalistas, Fernando Alexandre repetiu o que já dissera na véspera. Por agora, não é possível avançar com uma data para essa primeira devolução. Mas o governante gostaria que o próximo ano lectivo arrancasse com maior “serenidade” e sem a “instabilidade” que este tema provoca aos professores.
Nos próximos dias será tempo de analisar os contributos deixadas pelos sindicatos que não trouxeram ali apenas problemas, mas também “propostas de soluções”, assinalou o governante. E que não se ficam apenas pela recuperação do tempo de serviço.
A Fenprof defende que a recuperação seja feita em três anos — e não em cinco como prevê a proposta do Governo. “[A nossa proposta de] três anos não é para termos de discordar do ministério. É porque já passaram seis anos desde que as carreiras foram descongeladas e há milhares de professores que se aposentaram e outros que estão em escalões em que já não podem recuperar o tempo todo. E quanto mais tempo passa, mais professores serão excluídos”, frisou à saída da reunião o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.
Não será um processo fácil perante a “grande exigência técnica” que o trabalho de recuperação de tempo de serviço exigirá, uma vez que existem muitas assimetrias entre os professores. “As pessoas não perderam o tempo exactamente da mesma maneira”, alertou.
Além deste tema, a Fenprof quer ver também discutidas soluções para tornar a profissão de docente atractiva para as novas gerações, que se deparam com “baixos salários logo à entrada, precariedade e obstáculos na carreira”.
Solução até Junho
Do lado da FNE, Pedro Barreiros acredita que a “serenidade” que o ministro quer voltar a ver nas escolas só será possível quando os professores virem “que as palavras correspondem aos actos”. “O acto que o Ministério da Educação deve assumir é fazer tudo o que estiver ao seu alcance o mais rapidamente e na maior percentagem possível”, disse, defendendo que entre o fim de Maio e o início de Junho deveria haver uma decisão sobre a primeira devolução. Para esta plataforma sindical, a primeira tranche a devolver aos professores deverá ser de 30%, seguida de uma segunda em que deverão ser devolvidos mais 20% ou 30%, deixando para as últimas percentagens mais pequenas.
Pedro Barreiros salientou também que é urgente olhar para a falta de professores nas escolas, que apenas se combaterá “investindo na formação de novos professores, reforçando o investimento na educação e dotando as instituições de ensino superior com mais meios e recursos para formar mais professores”.
Por isso mesmo, a FNE solicitou à tutela a marcação de reuniões específicas sobre o ensino superior e sobre o pessoal de apoio educativo — “um dos principais obreiros da qualidade do sistema educativo” — que, considerou Pedro Barreiros, “foram esquecidos no programa do Governo”.