Boaventura de Sousa Santos: “Nada de objectivo contra mim” foi concluído pela comissão independente

O documento não é taxativo quanto aos casos de assédio denunciados no CES. Ainda assim, credibiliza os depoimentos recebidos, nomeadamente de pessoas que alegam ter sido vítimas de assédio.

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"Estou mais tranquilo hoje do que há um ano", reage fundador do CES Adriano Miranda (arquivo)
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O sociólogo Boaventura de Sousa Santos, fundador do Centro de Estudos Sociais contra quem foram feitas acusações de assédio moral e sexual no último ano, diz-se “mais tranquilo” depois de conhecer o relatório de uma comissão independente nomeada para avaliar aquelas alegações. “Nada de objectivo contra mim” foi concluído, sustenta o académico.

Boaventura de Sousa Santos diz acreditar que "as mais de 600 páginas de prova" que juntou ao processo contribuíram para essa conclusão", conforme alega num comunicado tornado público ao final da tarde desta quarta-feira.

As conclusões do relatório não nomeiam nenhum dos envolvidos, nem vítimas, nem acusados. O documento também não é taxativo quanto aos casos de assédio denunciados no CES ao longo do último ano. Ainda assim, credibiliza os depoimentos recebidos, nomeadamente de pessoas “que referiram ter tido experiência directa com situações de assédio e abuso”.

Na reacção, Boaventura de Sousa Santos diz estar “pessoalmente”, mais “tranquilo hoje do que estava há um ano”. “Nunca esperei uma absolvição das suspeitas que sobre mim pairaram porque, efectivamente, nunca fui confrontado com acusações concretas de abuso de poder ou de assédio – como, aliás, o próprio documento agora atesta”, alega.

O sociólogo defende que “na esfera judicial ou disciplinar” a direcção do CES “dê seguimento a qualquer indício de infracção”. Mas conclui, pela sua “apreciação do relatório” que “não existe” qualquer facto que o justifique.

No comunicado desta quarta-feira, Boaventura de Sousa Santos critica a direcção do CES e a própria acção da comissão independente. “Esperei que houvesse um esclarecimento que pusesse fim ao clima de suspeição, coisa que não aconteceu e que a direcção do CES optou, para já, por não garantir”, afirma.

Daí que, “como fundador do CES” se mostre “mais preocupado”. A comissão independente, critica Boaventura, “fez, em meses, uma radiografia de 48 anos de actividade da instituição, baseada em 32 denúncias”.

Além disso, o relatório “centrou-se em questões de abuso de poder", nas quais o sociólogo diz não se rever. "Fui, em grande medida, responsável pela descentralização de poder”, alega também.

O relatório refere “situações que foram sendo praticadas ao longo dos anos, mas que não foram concretizadas no tempo e no espaço, praticadas por pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES”, acrescenta, garantindo que não teve “conhecimento dessas situações” enquanto dirigiu aquele centro de investigação.

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