As histórias que as árvores contam

Do concurso Árvore Europeia do Ano, nasceu um livro que ilustra as vencedoras de 2020. Há um castanheiro português, de Vila Real.

Tília de San Juan Nepomuceno, Polónia
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Tília de San Juan Nepomuceno, Polónia Olivia Holden
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Tília de San Juan Nepomuceno, Polónia Alina Sikora
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Árvore ajoelhada, bordo, Polónia Olivia Holden
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“O mundo está repleto de árvores muito especiais que marcaram, e continuam a marcar, a vida das comunidades onde se encontram plantadas” Olivia Holden
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Capa de As Árvores Guardam Segredos — Quando cada Árvore nos Conta Uma História, edição da Lilliput Olivia Holden
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A árvore ajoelhada, o castanheiro de Vales, a árvore da bruxa ou o álamo solitário são algumas das árvores que neste livro contam a sua história. Umas assistiram a guerras, outras resistiram a secas e a tentativas de derrube.

Jovens ou milenares, todas as árvores são especiais e os humanos com elas mantêm um elo antigo que deve ser acarinhado, saibamos nós observá-las, preservá-las, protegê-las.

As Árvores Guardam Segredos Quando cada Árvore nos Conta Uma História foi escrito e ilustrado a partir do concurso Árvore Europeia do Ano. Nele constam as vencedoras em 2020. Inspirado num concurso popular idêntico, organizado pela Fundação da Parceria Ambiental Checa há muitos anos, realiza-se desde em 2011.

Castanheiro de Vales, Vila Real (Portugal) Olivia Holden
Castanheiro de Vales, Vila Real (Portugal) Raquel Lopes
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Castanheiro de Vales, Vila Real (Portugal) Olivia Holden

Inicialmente, só concorreram cinco países, mas hoje este número já cresceu para 16. Portugal é um dos que participam e vem representado neste livro com o castanheiro de Vales, que obteve 1848 votos nacionais. Na ronda europeia, ficou em 6.º lugar, com 17.048 votos.

Esta é a sua história: “Não muito longe do rio Douro, entre o mar e a fronteira, a pequena e bonita aldeia portuguesa de Vales esconde um tesouro: um castanheiro com mais de mil anos. Consegues imaginar? Quando o tetravô do teu tetravô era uma criança, já esta árvore era velha. O seu tronco tem mais de 4,5 metros de diâmetro. Seriam precisas mais de 15 crianças para o abraçar. Mas o melhor é que parte do tronco é oca e podes esconder-te lá dentro. Gerações e gerações de crianças treparam pelos seus galhos retorcidos para apanhar castanhas. Diz-se que este castanheiro foi plantado na Antiguidade Clássica, quando os romanos andavam à procura de minas de ouro na região.”

O guardião da aldeia submersa

A vencedora da edição que inspirou este livro foi um pinheiro da região de Chudobín (Chéquia/República Checa), com 47.226 votos europeus. A construção de uma barragem obrigou a que uma aldeia ficasse submersa, à semelhança da Aldeia da Luz em Portugal, com a barragem do Alqueva. “Todos partiram à procura de outro lugar para viver. Todos? Não, nem todos. Um velho pinheiro centenário manteve-se no topo de uma montanha. Hoje, quando o nível da água sobe, ele parece pairar sobre as águas.”

Uma lenda acompanha a história deste pinheiro. “Reza a lenda que, quando se tornou o único guardião da aldeia, um demónio se sentou aos seus pés e passou horas a tocar violino.”

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O guardião da aldeia submersa, pinheiro na aldeia de Chudobín (Chéquia/República Checa) Olivia Holden

Há ainda uma conclusão: “Este magnífico pinheiro é também um símbolo e uma lição acerca da resiliência das árvores face às alterações climáticas.”

Este conjunto de histórias da vida secreta das árvores com ilustrações coloridas e felizes termina com um convite à criança para que, no percurso para a escola ou junto a casa, escolha e celebre a “sua” árvore.

Os mais velhos decerto terão na memória as árvores das suas vidas: as que treparam e aquelas à sombra das quais brincaram e mais tarde namoraram. Claro que devem ser celebradas e acarinhadas.

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No concurso nacional deste ano, venceu esta camélia-japoneira, Guimarães Rita Salgado (Laboratório da Paisagem)

No concurso nacional deste ano, venceu uma camélia-japoneira: “Plurissecular, localizada nos jardins centenários da Villa Margaridi, referida na documentação medieval, desde o século X, no centro de Guimarães.” A votação europeia ainda decorre.

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