“Não há desculpas para a FIFA não expulsar Israel”
O movimento BDS pressiona a FIFA para que esta entidade actue em conformidade com os seus estatutos, princípios e compromissos — à semelhança do que fez com a Rússia.
O comité BDS palestiniano, a maior organização palestiniana que lidera globalmente o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), mantém a pressão sobre a FIFA, apelando a que este organismo suspenda as equipas pertencentes à Federação de Futebol de Israel, que permite que as suas equipas disputem jogos em "colonatos israelitas ilegais em terras palestinianas roubadas" e em "flagrante violação do direito internacional e dos estatutos da FIFA".
"Não há desculpas para a FIFA não expulsar Israel", lançam os responsáveis pelo BDS, citando os Estatutos daquele organismo, comprometida em "respeitar todos os direitos humanos reconhecidos internacionalmente” (artigo 3). O artigo seguinte refere precisamente que “a discriminação de qualquer tipo contra um país, pessoa física ou grupo de pessoas… é estritamente proibida e punível com suspensão ou expulsão”, acrescentando (no artigo 7) que a Federação tomará medidas para "promover a protecção dos direitos humanos” e que fará "todos os esforços para defender as suas responsabilidades internacionais em matéria de direitos humanos”.
Recorda a mesma missiva a celeridade com que a FIFA agiu perante o início da agressão da Rússia contra a Ucrânia ("A FIFA foi rápida a tomar medidas poderosas para garantir que os seus compromissos e obrigações não fossem comprometidos") e remete ainda para a história e para o momento em que a FIFA proibiu (em 1961, tendo sido readmitida no início dos anos 90) as equipas da Associação Sul-Africana de Futebol de participarem nas suas competições durante o regime do apartheid.
"As decisões da FIFA, do Comité Olímpico Internacional e de outros organismos desportivos internacionais de suspender a adesão da África do Sul naquela altura foram uma das ferramentas de pressão mais importantes que contribuíram para desmantelar o sistema de apartheid da África do Sul. Onde estão hoje estes organismos desportivos e porque é que falham no seu papel de proteger os palestinianos da guerra genocida de Israel e do seu regime de apartheid?"
Normalmente, os países são banidos temporariamente devido a interferência governamental ou problemas com a federação nacional que supervisiona a modalidade. Foi o que aconteceu recentemente com o Quénia (alegações de utilização indevida de fundos) e o Zimbábue (alegações de fraude e de assédio sexual a árbitras).
Recorde-se que tanto a FIFA como a UEFA proibiram a Jugoslávia de disputar a Taça dos Campeões Europeus de 1992 e o Campeonato do Mundo de 1994, na sequência das sanções da ONU. Havendo ainda os casos de suspensões temporárias de selecções como Chile, Indonésia, Kuwait, México e Myanmar.
"A inacção da FIFA é uma luz verde para Israel continuar o seu genocídio contra os palestinianos", conclui a propósito o movimento BDS.
A selecção de Israel enfrentará a Islândia nas meias-finais do play-off de qualificação para o Euro 2024, com a Ucrânia a ter que visitar a Bósnia e Herzegovina — o vencedor do jogo da Bósnia com a Ucrânia receberá o vencedor do Israel-Islândia no desafio que vale uma vaga no torneio na Alemanha no próximo ano.
Ucrânia e Israel estão actualmente a jogar em casa em território neutro devido à invasão russa da Ucrânia e ao conflito em Gaza, respectivamente. As meias-finais acontecerão no dia 21 de Março, com a final a ser realizada cinco dias depois.