Puma decide deixar de patrocinar a selecção de futebol de Israel

Decisão da marca desportiva alemã surge num momento em que se intensifica o movimento BDS devido ao “apartheid israelita que oprime milhões de palestinianos”.

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A Puma vai deixar de equipar a selecção de Israel Reuters
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A Puma deixará de patrocinar a selecção de futebol de Israel em 2024, de acordo com um porta-voz da marca desportiva alemã, uma medida que segundo a empresa está planeada desde o ano passado, mas que surge em plena ofensiva militar das IDF na Faixa de Gaza, Palestina, e após o alastrar um pouco por todo o mundo do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que aponta a cada vez mais empresas e produtos de alguma forma relacionados com Israel e os Estados Unidos.

A decisão surge precisamente no dia em que foi aprovada a resolução de apelo a um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza pela Assembleia Geral das Nações Unidas — com 153 votos a favor, 23 abstenções e dez votos contra dos Estados Unidos, Israel, Áustria, República Checa, Guatemala, Libéria, Micronésia, Nauru, Papua Nova Guiné e Paraguai.

Há muito que a Puma enfrenta apelos de boicote à sua aliança com a Federação de Futebol de Israel (IFA), mas esses apelos intensificaram-se durante a mais recente ofensiva de Israel em Gaza que matou mais de 18 mil palestinianos e deixou cerca de 50 mil feridos.

Num comunicado enviado por email à Reuters, um porta-voz da Puma disse que os contratos da empresa com várias federações, incluindo a Sérvia e Israel, expirariam em 2024 e que não serão renovados. A Puma aproveitou para dizer que anunciará em breve acordos com várias novas selecções nacionais.

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"O movimento BDS funciona" DR

Os responsáveis do movimento BDS congratulam-se pela decisão da Puma, "alvo de uma campanha mundial desde 2018 devido ao seu apoio ao apartheid israelita que oprime milhões de palestinianos". Na sua página, recordam que a IFA "governa e defende a manutenção de equipas em colonatos israelitas ilegais em terras palestinas roubadas".

"À medida que Israel leva a cabo um genocídio contra 2,3 milhões de palestinianos na Gaza ocupada e sitiada, matando mais de 18 mil pessoas, incluindo dezenas de jogadores de futebol, a pressão do boicote só aumenta", prossegue o movimento BDS.

2018 foi o ano em que a Puma e a selecção israelita assinaram o primeiro acordo. "Os anos de pressão implacável e global do BDS sobre a Puma e os danos à sua imagem deveriam servir de lição a todas as empresas que apoiam o apartheid israelita, de que a cumplicidade tem consequências. É também uma lição para a FIFA, profundamente cúmplice e dominada pelo ocidente, que continua a proteger Israel de qualquer responsabilização, apesar de as equipas dos colonatos violarem os seus próprios estatutos", aponta o comunicado do BDS, que agradece o apoio de atletas e de equipas que estão do lado do apelo das 215 equipas palestinianas para boicotar a marca desportiva.

"Esta vitória do boicote é uma vitória agridoce, já que a limpeza étnica dos palestinianos por parte de Israel continua. Mas dá-nos esperança e determinação para responsabilizar todos os facilitadores do genocídio e apoiantes do apartheid até que todos os palestinianos possam viver em liberdade, justiça e igualdade."

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