Montenegro acusa Costa de arrogância e de “fracasso absoluto” na governação
Rui Rocha diz que Costa “começa a ser o professor Cavaco Silva do PS” e André Ventura compara-o a José Sócrates e Ferro Rodrigues pelos ataques à Justiça.
O líder do PSD reagiu à entrevista de António Costa à TVI/CNN com visível irritação, em boa parte por causa das críticas do ainda primeiro-ministro à situação política dos Açores, que classificou de "barafunda" e "fiasco", que terá também novamente eleições legislativas regionais porque os partidos da direita se desentenderam e não conseguiram aprovar o orçamento.
"Vi um António Costa arrogante, adocicado, treinado para aparecer com um falar mais manso", disse Luís Montenegro em Beja, onde está em mais um roteiro distrital.
“Barafunda é desperdiçar a maior oportunidade que um primeiro-ministro pode ter: maioria absoluta no Parlamento, dinheiro que não falta, cooperação de todos os órgãos de soberania, a sociedade estabilizada do ponto de vista sócio-económico. Tudo para fazer uma boa governação e o resultado destes oito anos é um fracasso absoluto”, afirmou o presidente social-democrata.
Luís Montenegro acrescentou que "nem com maioria absoluta António Costa se aguentou em funções", ridicularizando o primeiro-ministro por, "14 demissões no Governo depois, querer comparar a situação política dos Açores com uma situação que só dependia dele".
O líder social-democrata começara por considerar que a entrevista do primeiro-ministro demitido "marca o fim de um ciclo e foi uma espécie de choro de despedida" de António Costa, mostrando que este está "absolutamente desfocado da realidade dos portugueses".
Ironizando sobre a "mágoa" de António Costa, Montenegro contrapôs que "verdadeiramente magoados estão os portugueses" por não terem médico de família, urgências hospitalares abertas ou acesso a consultas; por os alunos não terem professores, e os jovens não terem habitação acessível; por não haver boas acessibilidades a certas regiões do país e por muitas actividades como a agricultura terem sido "esquecidas". Situações que mostram o "falhanço clamoroso da sua governação", acusou Luís Montenegro.
A partir do Parlamento, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, falou de um António Costa "completamente alheado da realidade", que "vai gritando números quando os portugueses continuam a não ter habitação acessível, a saúde está em colapso, a educação em deterioração. São números que não batem com a realidade que os portugueses vêem." Rui Rocha salientou ainda que Costa "começa a ser o professor Cavaco Silva do PS e coloca-se na mesma posição" criticável.
Já André Ventura disse que António Costa fez um "ataque velado à Justiça" como o PS já fez nos processos Casa Pia e Operação Marquês. "Não se distingue de José Sócrates e de Ferro Rodrigues porque passaram a vida a dizer 'à justiça o que é da justiça e à política o que é da política', mas quando lhes tocou, o que fizeram foi partir para o ataque à justiça e à Procuradoria-geral da República,", apontou o líder do Chega, que considera que o ainda primeiro-ministro "quer ter um tratamento diferente ao pedir celeridade". "É o fim de festa para António Costa", vincou André Ventura.