É preciso ter pelo menos seis anos para se assistir à secção menos assustadora deste festival internacional de cinema de terror, que este ano anuncia o Prémio Lobo Mau. A programadora, Sara Lopo, explica ao PÚBLICO: “Um júri composto por jovens de 15 anos irá eleger pela primeira vez o Melhor Susto Curto entre uma compilação para crianças do 1.° ciclo. Habitualmente com curadoria para crianças dos seis aos 12 anos, teremos ainda este ano uma segunda sessão de Sustos Curtos para crianças a partir do 2.° ciclo que surgiu de uma parceria com o Projecto CoolBrave, da instituição Pressley Ridge.”
Esta instituição levou o festival à Escola Dr. Azevedo Neves na Amadora e ali criou, em conjunto com alunos entre os 11 e os 15 anos, uma história de terror. “O resultado deste workshop de cinema será exibido numa sessão especial de filmes realizados ou protagonizados por jovens, para quem gosta de emoções mais fortes”, informa por email.
Para a programadora da secção infantil, “o cinema estimula a imaginação e o cinema de terror em particular trabalha, desde a mais pequena idade, os medos e frustrações das crianças através de brincadeiras e animações divertidas”.
Por isso acredita que “ver cinema na infância oferece um escape, desperta a consciência e permite desenvolver estratégias para enfrentar as complexidades do mundo”. E exemplifica: “Ajudar o Capuchinho Vermelho a atravessar uma floresta sombria não é só divertido, como pode ampliar o repertório de emoções das crianças e os laços entre amigos e família.”
Nova faixa etária no cinema
Entre as actividades disponíveis para as crianças, está justamente a oficina À Descoberta dos Antimedos, apresentada pelo Projecto Pirilampos Ed. Na divulgação, é assim descrita: “Esta ‘descoberta dos antimedos’ combina elementos de ioga, histórias, artes plásticas e mindfulness, com o intuito de desenvolver a inteligência emocional das crianças de uma forma divertida.” Realiza-se a 14 de Setembro, às 14h45, 10€.
Sara Lopo está convencida de que novas famílias vão aderir a esta edição, já que podem contar “com uma programação cada vez mais variada, que atrai diferentes grupos de idades e gostos, e que pretende aprofundar conhecimentos, tendo em conta as tendências actuais”.
Realça ainda “a colaboração com jovens do 2.° ciclo”, que irá trazer ao Cinema São Jorge uma nova faixa etária, “que brevemente poderá ser frequentadora ávida das restantes secções do festival”.
A responsável pela programação do Lobo Mau não duvida de que as “várias actividades ludopedagógicas” serão outro factor de atracção de novos públicos e refere “o Praxinoscópio do Terror, que celebra o centenário da animação portuguesa e mostra os primórdios deste género de cinema, para uma maior aprendizagem cultural” (workshop FILMar, com o animador João Alves, 16h, 11h20, gratuito) e também “o mítico jogo de pistas imersivo, o Peddy Paper, que estimula o raciocínio e a imaginação, levando as crianças a descobrir os bastidores de uma sala de cinema e os segredos de uma cabine de projecção”. Este jogo está agendado para 17 de Setembro, às 10h30, para crianças a partir dos seis anos (3€).
No âmbito do centenário da animação portuguesa, estarão incluídas nas sessões de Sustos Curtos várias curtas-metragens nacionais. Destaque também para a exibição da longa-metragem brasileira Perlimps, de Alê Abreu, estreada no Festival de Annecy de 2022, marcada para a 13 de Setembro, às 14h45 (4€) .
É com ânimo que Sara Lopo nos dá conta de que alguns jovens adultos se iniciaram no festival por esta via: “Já temos falado com pessoas que estão a assistir às selecções oficiais do MotelX (secção Serviço de Quarto, Prémio MotelX, ou às competições Méliès d’argent) pela primeira vez, depois de terem passado pelas actividades e sessões de cinema do Lobo Mau.” As crianças crescem e o festival também.
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