À boleia de Barbie, Hijarbie é a boneca que quer celebrar a cultura islâmica

Uma jovem artista nigeriana criou a sua própria linha de moda e hijabs para bonecas em resposta à falta de representatividade nas redes sociais.

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A nigeriana Hannefah Adam tem mais de 60 mil seguidores DR/Instagram
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Hannefah Adam, uma artista autodidacta nigeriana, publicou uma fotografia no seu Instagram de uma Barbie vestida por si: com um vestido cor-de-rosa e num cenário completamente em consonância com o mundo da boneca (rosa, claro!), mas a usar um hijab​. “Esta #Hijarbie está de volta”, lê-se na legenda da publicação, numa conta que já não utilizava há seis anos.

A criação da indumentária da boneca, conta a artista, foi inspirada no novo filme de Greta Gerwig, depois de ter ficado entusiasmada por ver uma das Barbies, interpretada por Fatumina Said Abukar, a usar um hijab.

“A Barbie criou um novo fenómeno, celebrando a feminilidade, a independência e o poder feminino”, afirma ao The Guardian. E, indo na onda do blockbuster, decidiu vestir um exemplar da Hijarbie, uma Barbie com roupas e acessórios criados por si, de forma a celebrar a moda muçulmana.

Em geral, notou a artista, a publicação gerou uma reacção positiva, ainda que “algumas pessoas tenham escrito coisas como ‘tira o teu hijab’”. No entanto, assinala, tratou-se de uma minoria: “Mesmo os que não praticam a religião muçulmana apreciaram a importância de falar sobre representação.”

Haneefah, de 32 anos, estudou Farmacologia, no Reino Unido, mas acabou por seguir um caminho muito diferente. Depois da passagem pela Europa, a jovem regressou à Nigéria com a certeza de que o mundo muçulmano não estava representado nas redes sociais. Foi então que, numa explosão de criatividade, enrolou um lenço à volta de uma das suas Barbies, fazendo nascer a Hijarbie, com conta no Instagram.

A boneca, que veste uma saia e uma blusa azul, completa-se com um hijab preto. O conjunto gerou uma onda de positividade entre os seus seguidores e, nos comentários da publicação, é possível ler diversas opiniões. “Aplaudo-te pelo esforço em fazer uma Barbie mais diversificada”, dizia uma seguidora. Entre os elogios, houve também pedidos para que vendesse a roupa da boneca: “Espero que vendas este conjunto. Estas roupas são lindas!”

A artista desenhou, nos meses que se seguiram, um conjunto baseado numa abaya azul (túnica) usada pela influencer de moda britânica Habiba da Silva.

No ano seguinte, a Mattel, a empresa de brinquedos responsável pela Barbie, lançou a sua primeira boneca a usar um hijab, inspirada na atleta esgrimista olímpica norte-americana Ibtihaj Muhammad.

Ao fim de oito anos — e com um intervalo de seis pelo meio, tempo que decidiu dedicar à família —, a artista, com um vasto currículo a escrever em blogues sobre moda, comida e fé, conta com mais de 60 mil seguidores e cerca de duas centenas de fotografias publicadas. Entre as várias publicações, exibe os 70 fatos que desenhou para celebrar a cultura e a moda muçulmanas.

Agora, declara, depois do regresso está preparada para voltar em força, sempre tendo como objectivo dar a conhecer mais modelos muçulmanos e mais formas de representar as mulheres de hijab. Entre os planos, está um site para comercializar os seus coordenados islâmicos para bonecas de distintas características: “As minhas Barbies são diversificadas. Tenho bonecas asiáticas, brancas e negras com hijab.”


Texto editado por Carla B. Ribeiro

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