Marcelo e Costa têm de “tirar o país do pântano em que está”, diz Catarina Martins
Para a coordenadora do Bloco, Marcelo e Costa são igualmente responsáveis pela crise política. “Agora que já não precisam um do outro empurram o país para o pântano”, critica.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, diz-se preocupada com a “inoperância absoluta” do Governo, que se tem revelado “incapaz de dar uma resposta concreta aos problemas da vida das pessoas” por estar “descredibilizado” e por ter perdido a “legitimidade democrática para agir”, por causa da sucessão de “mentiras” e “episódios” que revelam uma “forma de governação do PS absolutamente irresponsável”.
"Ministros que são apanhados repetidas vezes a mentir não têm credibilidade popular, e portanto têm pouca capacidade de agir. Isso não é a oposição que está a ser má, é uma realidade criada pelo PS a si próprio”, sublinha Catarina Martins, defendendo que “Portugal precisa de um plano claro para agir, e precisa de decisão política para dar resposta aos problemas nas áreas fundamentais da educação, saúde e habitação”.
“Nós neste momento estamos com o país paralisado, e não vale dizer que pode ficar tudo como está”, criticou a bloquista, que atendendo à maioria do PS na Assembleia da República, só vê duas saídas possíveis para ultrapassar o impasse e resolver este bloqueio: a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições, ou a reorganização e reinvenção do Governo, com “um outro projecto para o país”.
“Neste momento, está nas mãos do senhor Presidente da República e do primeiro-ministro tirarem Portugal do pântano em que está”, afirmou a coordenadora do Bloco, que viajou até Bruxelas, esta quinta-feira, para participar numa reunião dos líderes dos partidos que compõem o grupo d’A Esquerda no Parlamento Europeu.
Horas antes da declaração do Presidente da República ao país, a líder do BE não quis traçar cenários futuros, limitando-se a dizer que o seu partido “estará preparado para o que houver”. Mas não evitou falar sobre o cenário presente de crise política, responsabilizando tanto o Presidente da República como o primeiro-ministro pela situação.
“Os dois alimentaram um ao outro a sua continuidade: o primeiro-ministro permitiu ao Presidente o segundo mandato de uma forma muito confortável, e o senhor Presidente da República colaborou com o primeiro-ministro no seu número para poder ter uma maioria absoluta”, lembrou Catarina Martins, referindo-se à dissolução da Assembleia da República em Dezembro de 2021.
“Agora que já não precisam um do outro, empurram o país para o pântano e não têm o mínimo equilíbrio institucional. Isso estamos todos a ver”, lamentou, dizendo que foi essa “artimanha” que “amarrou” Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa “numa situação muito complicada” que agora “arrasta o país para uma falta de soluções”.