Os miúdos de hoje em dia... Por que respondem e desrespeitam os mais velhos?
Quando se trata de parentalidade, esta questão é difícil porque temos tantos tipos de famílias, culturas, credos e tradições, o que significa que não há uma forma única de “respeitar os mais velhos”.
Como conseguir que as crianças mostrem respeito pelos mais velhos, como os pais, professores, etc.? Hoje em dia, as crianças, algumas muito pequenas, parecem sentir-se no direito de falar, discutir, usar palavras vulgares e não ouvir a voz da autoridade. Quando eu era jovem, não importava quem era o adulto; não se falava, muito menos se discutia sobre quem é que mandava!
Quando se trata de parentalidade, esta questão é difícil porque temos tantos tipos de famílias, culturas, credos e tradições, o que significa que não há uma forma única de "respeitar os mais velhos".
Pense em diferentes culturas (asiática, negra, latina, hispânica, italiana e outras), e provavelmente notará uma tradição de cuidar dos membros mais velhos da família, especialmente pelas mulheres da família. Em geral, as famílias são há muito patriarcais e têm tido um profundo respeito pelos seus mais velhos.
Mas isso está a mudar.
Como tem reparado, as crianças "parecem agora sentir-se no direito de falar, discutir" e "não ouvir a voz da autoridade", e fico contente por ter usado a palavra autoridade.
Geralmente falamos de quatro tipos de parentalidade: autoritativa, autoritária, permissiva e negligente.
Permissivos e negligentes são os tipos de parentalidade mais fáceis de compreender. Uma educação permissiva é quando os pais põem poucos limites, deixando as crianças inseguras e falsamente poderosas, enquanto os pais que promovem uma educação negligente deixam as crianças à solta, deixando-as em pânico e ansiosas. (Curiosamente, os filhos de pais permissivos tendem a ter piores resultados, mas isso é tema para outro texto).
Os pais autoritativos têm padrões elevados mas são pacientes e calorosos, e promovem discussões abertas com os seus filhos. Os pais autoritativos não têm medo de ouvir os seus filhos, e não usarão coerção ou manipulação para abordar os comportamentos. Os filhos de pais autoritativos são mais independentes e apegados com mais segurança, e têm tipicamente menos problemas de saúde mental. Normalmente também têm boas relações com os seus pares, pais, professores e, sim, com os mais velhos.
Os pais autoritários têm grandes expectativas e exigências. Simplificando, são os pais quintessenciais "porque eu o disse". Os pais autoritários usam uma disciplina severa e punições duras, e tentarão controlar o comportamento através da manipulação, coerção e métodos dominadores. Para muitos, isto pode parecer um pai decente, mas os filhos destes pais tendem a ser infelizes, menos independentes e mais inseguros, e tendem a fazer mais birras, terem mais problemas de comportamento e piores capacidades de lidar com a situação.
A parentalidade autoritária pode parecer boa e pode até fazer algum bem aos filhos a curto prazo, mas para muitas crianças, os resultados são desastrosos. Podem ter crescido para "respeitar" os mais velhos, mas tal como as mulheres foram cidadãos de segunda classe ad eternum e encontraram o seu caminho para votar, trabalhar, etc., as crianças também foram olhadas como cidadãos de segunda classe e estão agora a ganhar os mesmos direitos à dignidade humana básica (o que, eu argumentaria, não acontece quando se tem uma parentalidade autoritária).
Em muitas famílias, esta mudança é dramática e assustadora, e não vos censuro por se sentirem confusos e incomodados com ela. Mas saibam isto: A cultura parental está a caminhar para um maior respeito por todos, enquanto continua a preocupar-se e a reverenciar os nossos anciãos. Ambas podem ser verdadeiras. E desta forma, a necessária humildade e desrespeito dos jovens pode ser substituída por gentileza, limites claros e compaixão.
Convido-vos a verem este recuo como uma oportunidade para se envolverem com os mais jovens. Podem certamente desafiar-nos no tom e na linguagem, mas sintam-se curiosos em vez de insultados, e vejam o que podem aprender com eles. Esse tipo de comportamento irá conquistar o respeito que acreditamos merecer.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong