A actriz Amy Schumer definiu a endometriose, da qual padece e afecta milhões de mulheres a nível mundial, como uma "“doença solitária”. Numa breve promoção do documentário"The Checkup With Dr. David Agus", da Paramount Plus, a comediante diz que a sua experiência tem sido "realmente difícil".
“Tive tantas dores, toda a minha vida e não apenas a semana do meu período”, diz, acrescentando que durante meses queixou-se com dores. “Era apenas esta dor que não se vê, e há a tendência para pensar que uma mulher está apenas a ser dramática”, lamenta.
A endometriose é uma doença crónica em que um tecido semelhante ao revestimento do útero cresce fora do útero, nas trompas de Falópio, no intestino ou na bexiga. Pode causar dores graves, com impacto no dia a dia, e pode ter como consequência a infertilidade, informa a Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta doença, em todo o mundo, afecta cerca de 10% das mulheres e raparigas em idade reprodutiva.
Amy Schumer não é a primeira celebridade a falar sobre a endometriose. Recentemente, a cantora brasileira Anitta foi internada para ser operada; a apresentadora portuguesa Raquel Prates removeu o seu útero em Fevereiro. E, em 2018, a actriz norte-americana Lena Dunham fez uma intervenção cirúrgica pela mesma razão.
Segundo os dados nacionais dos EUA, mais de 6,5 milhões de mulheres sofrem de endometriose. Em Portugal, afecta 10% das mulheres portuguesas em idade fértil, aponta a Sociedade Portuguesa de Ginecologia. É mais comum nas mulheres entre os 30 e 40 anos e é uma doença de difícil diagnóstico, pois os seus sintomas incluem hemorragias, dor pélvica crónica, náuseas e fadiga, e dor durante os períodos, relações sexuais, movimentos intestinais e micção.
Ou seja, a doença é frequentemente mal diagnosticada devido aos seus sintomas serem tão variados e porque, em muitos países, os prestadores de cuidados de saúde não estão conscientes de que “não é normal ter uma dor pélvica angustiante e que altera vida das mulheres", diz a OMS.
"Só dói e é realmente uma doença solitária, solitária", resume Amy Schumer, que testemunha que tem apenas uma “boa semana por mês”, quando não está “com dores bastante fortes”.
A endometriose não tem cura e o tratamento é normalmente baseado na atenuação dos seus sintomas.
No ano passado, num vídeo publicado na rede social Instagram, a comediante disse aos fãs que lhe tinha sido removido o apêndice e o útero devido a uma doença. Então, disse que, muitas vezes, a sociedade pode ser desdenhosa ou “pintar as mulheres como fracas” por se queixarem com dores.
"Há tanto tempo que nos dizem que somos irritantes, dramáticas e todas essas coisas, e não somos", diz. "A minha dor é real, a vossa dor é real — temos de nos defender." A norte-americana também lamenta que não exista mais financiamento ou investigação para encontrar uma cura para esta doença crónica.
Amy Schumer, que é familiar do senador democrata Charles E. Schumer, líder da maioria do Senado, confessa que se sente uma “nova pessoa” depois de ter sido operada e que se sentiu melhorias imediatas. “Muitas mulheres com endometriose engravidam. Mas, pode ser mais difícil engravidar”, diz o Gabinete de Saúde da Mulher. A actriz teve um filho em 2019 e documentou a sua experiência num documentário chamado "À Espera de Amy".
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução e adaptação: Bárbara Wong