Estudantes criam vídeos para desmitificar o que é a psoríase

Procurando combater o preconceito, a Associação Portuguesa de Psoríase incentivou os jovens a utilizarem a arte para darem visibilidade a uma doença que afecta cerca de 440 mil portugueses.

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A psoríase é uma doença inflamatória crónica e não é contagiosa DR

Com a luta contra o estigma em mente e a tempo da celebração do Dia Mundial da Psoríase, que se assinalou no passado sábado, a Associação Portuguesa da Psoríase (PSOPortugal) realizou um concurso de talentos com o objectivo de “combater o bullying nas escolas”. Os vencedores foram conhecidos no fim-de-semana. Em Portugal cerca de 440 mil pessoas têm esta doença, revela um estudo publicado na passada quinta-feira.

A psoríase é uma “doença inflamatória crónica” que se manifesta pelo aparecimento de lesões vermelhas com descamação esbranquiçada em determinados locais do corpo, que vão do pescoço aos braços, passando pelas costas ou pernas. Um estudo epidemiológico, realizado pelo Grupo Português de Psoríase da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) em parceria com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), avança que em Portugal cerca de 440 mil pessoas sofrem desta doença.

Esta estimativa de que 4,4% da população portuguesa tem psoríase mostra um crescimento da doença, uma vez que o valor anteriormente reportado era de cerca de 2%. Este é o primeiro estudo epidemiológico realizado no país sobre a doença que “tem um elevado impacto físico e psicológico no doente resultando numa diminuição na qualidade de vida”, explica Tiago Torres, presidente do Grupo Português de Psoríase e coordenador do estudo, ao PÚBLICO.

A psoríase não tem cura, mas reconhece-se hoje a existência de tratamentos “bastante eficazes”. Tiago Torres explica que os tratamentos diferem consoante o nível de gravidade da doença. Quando esta se manifesta em zonas mais localizadas, os tratamentos são feitos através de medicamentos de aplicação local. Já para uma psoríase considerada de maior gravidade existe a “necessidade de tratamentos sistémicos que podem ser orais ou injectáveis”. Estes têm uma grande eficácia permitindo controlar a doença para que “a maioria dos doentes fique sem lesões ou quase sem lesões quando medicados com estas terapêuticas”, acrescenta o dermatologista.

O estudo desenvolvido pelo Grupo Português de Psoríase concluiu ainda que a doença é “subdiagnosticada e subtratada em Portugal”, mesmo com o elevado impacto que tem na qualidade de vida, esclarece o coordenador do estudo. Este subtratamento é influenciado pela falta de conhecimento e informação que existe sobre a doença, levando a que os doentes se encontrem “fora do sistema” e possa também haver “alguma dificuldade de diagnóstico por parte da medicina geral e familiar dificultando a referenciação para a dermatologia”, acrescenta o especialista.

Combater pela arte

O concurso de talentos “PSOFriends – Faz uma Cena” incentivou os jovens entre os 14 e os 17 anos a vestirem “a pele de quem é psoriático e aprenderem a conviver com esta condição no dia-a-dia” através da arte, explica o comunicado da PSOPortugal.

Esta iniciativa implicou a reconstrução de excertos da série “PSOFriends” criada, em 2021, como uma forma de combater a “solidão silenciosa” com que os jovens psoriáticos lidam, ajudando assim a descomplicar esta doença através do humor.

Os vídeos vencedores foram anunciados no Dia Mundial da Psoríase, após uma votação nas plataformas sociais da PSOPortugal, nas quais foram colocados a votos os melhores vídeos seleccionados numa primeira fase pelo júri do concurso, que incluiu médicos especialistas, elementos da Direcção-Geral da Educação e também da PSOPortugal, e o comediante Luís Filipe Borges.

Os vencedores, que o júri destacou pela “combinação entre qualidade, criatividade e mensagem educacional”, foram os vídeos dos “Los Chapa”, da Escola Secundária de Serpa, “SMART5” da Academia BSmart de Vila Nova de Gaia e das “Lontrinhas”, do Agrupamento de Escolas de Barroselas.

O concurso de talentos “PSOFriends – Faz uma Cena” partiu da iniciativa de demonstrar aos jovens que não estão sozinhos procurando desmitificar esta doença “que não mata, não é contagiosa, mas que pode deixar marcas visíveis na pele e, por desconhecimentos, levar a que outros se afastem”, explica o comunicado da PSOPortugal.


Texto editado por Bárbara Wong

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