Psoríase, uma doença que se combate também pela informação

“Um doente informado lida melhor com a sua doença.” É esse o lema na origem de uma conversa, este sábado, que pretende iluminar os dias de quem lida com a psoríase.

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É comum o doente de psoríase sentir limitações em várias áreas da sua vida, desde a escolha da roupa à ida ao ginásio Ashley Byrd/Unsplash

A psoríase não tem cura. Mas isso não significa que quem se veja afectado por ela tenha de se conformar com os sintomas. É que, para os minimizar, há hoje vários tratamentos que, “não resolvendo a doença”, têm uma grande eficácia no controlo da sintomatologia.

O diagnóstico e consequente tratamento da doença contribuem para “um aumento na qualidade de vida, tanto em termos físicos como psicológicos”, dos seus portadores, explica o dermatologista Tiago Torres ao PÚBLICO. Por esse motivo, o médico, que se tem dedicado ao estudo, diagnóstico e tratamento da psoríase, estará, este sábado, dia 30, a partir das 10h, a liderar uma reunião online, organizada em parceria com a Associação Portuguesa da Psoríase (PSOPortugal), de inscrição obrigatória.

“Nos últimos dez anos, houve uma revolução nos tratamentos sobretudo das formas mais graves da doença”, observa o especialista, responsável pela Unidade de Dermatologia do Instituto Médico de Estudos Imunológicos no Porto. Mas, lamenta, este facto não é suficientemente amplificado.

De acordo com os números, em Portugal, a psoríase afecta em torno de 2% da população, o que representa cerca de 250 mil doentes, no entanto, ressalva o mesmo clínico, esta é uma doença subdiagnosticada: “Ou por se achar que não tem tratamento ou por ter sintomas tão ligeiros que acabam por ser desvalorizados por quem os apresenta.” No entanto, seja qual for a gravidade, é importante tratar: a terapêutica nos casos menos graves passará pela aplicação tópica; nos mais graves, há disponível a terapêutica oral e injectável, que deverá ser decidida e prescrita pelo médico.

A psoríase é uma doença inflamatória crónica, que se caracteriza por lesões vermelhas na pele, com escamação esbranquiçada. As localizações mais frequentes associadas ao diagnóstico são cotovelos, joelhos, couro cabeludo, região lombossagrada e unhas. No entanto, sublinha Tiago Torres, isto não ocorre em 100% dos casos (em média, 80% são situações ligeiras e apenas 20% assumem uma forma mais grave), havendo outros sintomas nomeadamente ao nível articular, que podem manifestar-se em cerca de 30% dos doentes, com dores e rigidez matinal.

Doença com impacto psicológico

Com ou sem diagnóstico, a visibilidade dos sintomas cutâneos afecta os doentes não só em termos físicos como psicológicos. “O doente de psoríase tem de lidar com a estigmatização”, lembra Tiago Torres, que vem do desconhecimento, ou por falta de informação ou por desinformação — há ainda quem associe a doença à má higiene ou quem considere que possa ser contagiosa.

O dermatologista explica que, por tudo isto, é comum o doente de psoríase sentir limitações em várias áreas da sua vida, desde a escolha da roupa, que usa para esconder as lesões, até à ida ao ginásio, que poderá evitar por ser um espaço onde se estará mais exposto. Isto, sem esquecer as relações interpessoais, que muitas vezes ficam comprometidas pela doença.

Em termos psicológicos, alerta o médico, é comum a psoríase estar associada a estados de ansiedade, influenciando a qualidade do sono e, consequentemente, a prestação nas tarefas do dia-a-dia, sejam pessoais ou profissionais, considerando, por isso, urgente aumentar o nível de informação, com sessões regulares de esclarecimento.

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