Morgado do Quintão brinda às vindimas ao som de três grandes da música nacional

Carminho, Bruno Pernadas e Mário Laginha vão actuar no evento preparado pelo produtor algarvio para celebrar o fim da colheita. O Camp’22 acontece a 7, 8 e 9 de Outubro.

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Mário Laginha vai actuar no Camp’22 a 9 de Outubro. Sérgio Azenha

Os responsáveis pela vitivinícola Morgado do Quintão preferem designá-lo como um “não-festival”, um encontro entre cultura e vinhos para celebrar a terra e o ciclo que agora termina, com as vindimas, para dar lugar a um outro. O Camp’22 contará com uma programação diversificada, num cartaz que reserva lugar de destaque para os concertos de Carminho, Bruno Pernadas e Mário Laginha.

O evento terá lugar na propriedade situada no concelho de Lagoa, “entre as vinhas antigas, debaixo de uma oliveira milenar e com a imponente serra de Monchique como pano de fundo”, realça a organização. O encontro está marcado para os dias 7, 8 e 9 de Outubro, e pode também vir a ser um contributo para o desenvolvimento do enoturismo no Algarve e um empurrão para a afirmação dos vinhos daquela região.

Aos concertos de Carminho (7 de Outubro), Bruno Pernadas (8 de Outubro) e Mário Laginha (9 de Outubro), juntam-se várias conversas em torno do tema principal do Camp’22, “Terra, Sentido e Beleza”, com convidados como o fotógrafo e editor Cláudio Garrudo, o advogado e astrólogo Duarte Miranda Mendes (Duarte Amadeu), a arquitecta e urbanista Rita Castel´Branco, o sensorialista Lourenço Lucena e Pedro Teixeira, professor da Universidade de Lisboa e fundador do Safejourney, entre outros. A antropóloga Maria Manuel Restivo junta-se também ao evento, numa parceria com a Brotéria.

Destaque, ainda, para a ante-estreia do documentário “Tilt”, da autoria da produtora Teresa Júdice da Costa e que se debruça sobre a criação poética — será apresentado pela própria produtora que marcará presença no evento.

Nesta festa — a participação está sujeita à aquisição prévia de bilhete (75 euros por pessoa), disponível online —, também será possível conhecer a propriedade fundada em 1810 e que nos últimos anos tem vindo a apostar na sua própria marca de vinhos e no enoturismo. “Queremos mostrar que não somos apenas um projecto agrícola, com produção de vinhos, mas também um espaço onde as pessoas se podem reunir e trocar ideias”, anuncia ao Terroir Filipe Caldas de Vasconcellos, responsável pelo Morgado do Quintão, propriedade que tem permanecido na mesma família desde a sua origem — vai já na quarta geração.

A afirmação dos vinhos do Algarve

Depois de terem herdado a propriedade da mãe, Teresa Caldas de Vasconcellos (1941-2017), Filipe e a irmã, Teresa, aventuraram-se no lançamento da sua própria marca de vinhos — até então, as uvas eram vendidas para outros produtores — e, em apenas quatro anos, passaram de 2.000 para 20.000 garrafas produzidas anualmente. Dizem-se empenhados em tentar mostrar a riqueza do terroir do Algarve e a riqueza dos vinhos ali produzidos.

“Apesar de a região ser um dos sítios em Portugal que mais consome vinho, devido ao turismo, a percentagem de vinho do Algarve que aqui é consumida é muito reduzida”, aponta o produtor, admitindo que a missão do Morgado do Quintão passa, precisamente, por ajudar a reverter esse cenário. Nesse sentido, apostam maioritariamente em castas algarvias, juntamente com castas nacionais — as internacionais ficam de fora —, produzidas, “grande parte, em vinhas velhas”, destaca Filipe Caldas de Vasconcellos, orgulhoso dos frutos que este trabalho começa agora a dar.

“Os nossos vinhos já começam a receber a atenção de sommeliers e do público em geral”, declara, notando que há ainda trabalho pela frente. “A nossa missão passa por colocar vinho algarvio em restaurantes por todo o país e pelo mundo fora para serem embaixadores da região”, acrescenta.

Também no que toca ao enoturismo, há “muito por onde crescer”. “Há uma oportunidade para trabalhar o enoturismo enquanto pilar estratégico de desenvolvimento da região, da mesma forma que o turismo foi um pilar estratégico para o Algarve”, argumenta o produtor, enaltecendo o facto de cada vez haver “mais produtores e vinhos de melhor qualidade no Algarve”.

Na propriedade Morgado do Quintão, os portões têm vindo a abrir-se a pessoas de todo o mundo para conhecerem as vinhas e o terroir algarvio, com a ressalva de que a região goza de uma grande diversidade. “Há uma divisão clara entre os vinhos que estão mais perto do Barrocal e outros que estão mais perto do mar, com a zona de Sagres e Alzejur a ser bastante diferente dos vinhos da zona de Tavira”, repara o produtor. No que toca ao Morgado do Quintão, Filipe Caldas de Vasconcellos aponta os “terrenos arenosos e a proximidade ao mar (10 quilómetros)” como grandes mais-valias.

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