Acho que esta é daquelas palavras que me passou despercebida durante muito tempo. Demasiado tempo. Nunca imaginei que fosse uma pessoa procrastinadora. Mas sou, e muito, por sinal. Ao ouvir o podcast Maus Hábitos é que me dei conta do quanto me identifiquei com estas características…
Mas afinal o que é a procrastinação? A procrastinação é adiar. Adiar planos que, juramos a pés juntos, queremos muito fazer.
É dizer que queremos emagrecer, e compramos livros de nutrição, investimos em roupa de ginásio e nuns auriculares super in indicados para a corrida, e em casos mais graves fazemos até a inscrição no ginásio, mas nunca chegamos a fazer o exercício ou até a mudar os hábitos alimentares.
Ou então dizer que queremos escrever um livro, e lemos livros — que dizemos ser para pesquisa —, arrumamos a secretária para ter o espaço limpo, aromatizamos e arrumamos o escritório, mas chegamos ao computador e a primeira coisa que fazemos é responder a emails. Ou agarramos na caneta e num caderno e só saem rabiscos abstractos, sem qualquer sentido lógico.
Ou querermos explorar a nossa comunicação verbal, e rejeitamos todas as oportunidades de comunicar com a desculpa de que não temos tempo, ou que não é o projecto adequado para nós.
Somos os reis das desculpas. Somos os reis da manipulação inconsciente dos nossos pensamentos — para a negativa. Estamos constantemente a auto-sabotar os nossos objectivos, e pior do que isso: nem nos damos conta que o fazemos. Ficamos a pensar que, se calhar, o caminho não era aquele, ou que talvez não sejamos bons e fortes o suficiente para ir em frente. E rebaixamos ainda mais a nossa auto-estima — que já não está muito boa nesta altura – e vamos por esse terreno escorregadio e preguiço, sem saber muito bem onde vamos. Sabemos que não vamos para um lugar melhor, mas também não nos importamos.
No fundo, pensamos: “Para que vou gastar a minha energia se sei que não vou conseguir?” Ou: “Eu quero muito, mas nunca serei disciplinado o suficiente.” Ou: “Eu quero muito, mas nunca serei bom o suficiente.”
Estipulamos na nossa mente um cenário totalmente inalcançável, porque nunca passamos pelo processo de começar, efectivamente. Fazemos toda a preparação (que é também necessária), mas depois não damos o salto para a acção. Como diz James Clear no seu livro Hábitos Atómicos, é necessário passar à acção, a partir da intenção.
Vamos fazer um exercício? Queres escrever um livro, começa por escrever 15 minutos diariamente, sobre algum tema ou emoção que te perturbou naquele dia.
Queres emagrecer? Faz dez minutos de exercícios diariamente, seja no ginásio, em casa ou na rua. Veste o fato de treino, põe os auriculares e faz dez minutos de exercícios, apenas dez minutos.
Queres comer melhor, começa por fazer um dia totalmente saudável na semana, sem deslizes. Apenas um dia em sete.
Se precisares de ajuda neste processo, recorre a um profissional (que será sempre a melhor opção) ou pede ajuda a um amigo, que já tenha como rotina esse hábito que queres implementar. Quando estiveres com uma pessoa com hábitos alimentares saudáveis, será natural para essa pessoa escolher um restaurante saudável em vez de escolher junk food. Quando estiveres com uma pessoa muito activa, será mais natural combinarem um café numa esplanada com uma caminhada do que um cinema, por exemplo. Integra-te em grupos que esses hábitos sejam naturais e não sejam forçados. Essa naturalidade irá ficar intrínseca em pouco tempo. Só terás de dar o primeiro passo. Por onde irás começar?