No seu primeiro espectáculo para palco, o cineasta norte-americano Gus Van Sant constrói, com uma equipa artística portuguesa, um musical dedicado a Andy Warhol em resposta à encomenda da BoCa.
“Aprendi muitas coisas ao longo dos anos, conheci muitas pessoas que foram próximas do Andy e creio que recolhi muita informação através desses encontros”, explica o realizador, aqui autor e encenador, numa conversa com Gonçalo Frota. “Mas a maioria das situações na peça é retirada de um período muito longínquo, de 1959 a 1967. Trabalhei maioritariamente a partir de momentos bastante conhecidos na sua vida, histórias quase iconográficas que ouvi bastantes vezes pela boca de muitas pessoas, partilhadas em todos os livros sobre ele. Fui atrás das cenas famosas que toda a gente conhecia.”
A opção de Gus Van Sant passa, por isso, pela recriação de episódios facilmente identificáveis para quem conheça a “vida extremamente bem documentada de Warhol e da Factory”. Não tenta explicar Andy. Coloca-se antes numa posição que reforça o fascínio por uma figura tão popular quanto misteriosa, participa no endeusamento e reforça esse lado ficcional que o próprio Warhol cultivava e projectava de si mesmo.
Com apresentações no D. Maria II (Lisboa, 23 de Setembro a 3 de Outubro) e no Teatro das Figuras (Faro, 16 de Outubro), Andy é um dos grandes destaques de uma rentrée que recupera as apostas dos teatros portugueses na programação internacional, num ensaio do regresso à normalidade.
Destaques, ainda, para Paisajes para no colorear, de Marco Layera, e Love, de Alexander Zedin.
Para o primeiro, o encenador do colectivo chileno La Re-Sentida conversou, ao longo de um ano, com 170 raparigas adolescentes sobre os episódios de violência e abuso que sofreram. O resultado faz parte da programação do Mexe e inaugura a temporada 20/21 do Teatro Nacional São João. Apresenta-se no Teatro Carlos Alberto, este sábado, e no Teatro Viriato, na próxima sexta-feira.
Love é a estreia do autor britânico em Portugal. Na Culturgest, a 23 e 24 de Setembro, a segunda peça de uma trilogia dedicada aos cuspidos pela sociedade para as suas margens.
Um dos autores convidados do XVI Festival Internacional de BD de Beja, o autor francês Vincent Vanoli mostra na Casa da Cultura da cidade um conjunto de pranchas e desenhos representativo de uma obra construída ao longo de 30 anos. Em que o grotesco, o humor e o traço expressionista do desenho contam histórias do passado, da memória e do quotidiano. Com a persistência da banda desenhada. O olhar de José Marmeleira...
Simone Duarte, em O Vento Mudou de Direcção. O 11 de Setembro que ninguém viu, selecciona um conjunto de entrevistados que são ilustrativos do modo como os acontecimentos subsequentes a esse dia marcaram o destino de milhões de pessoas em todo o mundo.
O que este livro nos apresenta, sintetiza António Araújo, são testemunhos de vida, de vidas amargamente destruídas, captadas por uma repórter através de um exercício que é, antes de mais, gesto de compaixão.
Quando pensávamos que já tínhamos ouvido tudo, eis os Low
O álbum anterior já era magnífico, balançando entre a desconstrução ruidosa e a tentativa de encontrar um novo tipo de equilíbrio à flor-da-pele, e agora em Hey What, o casal e o grupo Low, juntos há três décadas, vai ainda mais além. Assombroso, segundo Vítor Belanciano.