Annette e Leos Carax, Marion Cotillard e Adam Driver abrem Cannes
Conscientes da evolução da situação da saúde pública na Europa e no mundo, e esperando a reabertura das salas no mês de Maio em França, o Festival de Cannes continua a planear “com confiança e determinação” a sua próxima edição, que se realiza de 6 a 17 de Julho, dizem os organizadores.
Nove anos depois da apresentação apoteótica de Holy Motors, de Leos Carax, em competição, Annette, o novo filme do cineasta, é o título de abertura da 74ª edição do Festival de Cannes, a 6 de Julho.
Banda sonora dos Sparks, interpretações de Marion Cotillard e Adam Driver, é a história, passada em Los Angeles, de um stand up comedian e de uma cantora de sucesso, casal com imagem feliz, rica e glamourosa que verá a sua vida transformada pelo nascimento da filha. A Anette do título. O filme estará a concurso. “É o prémio de que os amantes de cinema, música e cultura estão à espera, algo por que vimos ansiando no último ano”, disse Pierre Lescure, Presidente do festival. “Não podíamos sonhar com um melhor encontro com o cinema e com o ecrã no Palais des festivals onde os filmes afirmam o seu esplendor”, concluiu, no comunicado, o director artístico Thierry Frémaux. É um musical romântico, o trailer é já um statement desconcertante.
No mesmo dia de Julho, 6, aquele que é o primeiro filme de Carax em língua inglesa estreia-se em salas francesas. Eis então a questão: tudo isto, o festival como edição física, acontecerá na data prevista, de 6 a 17 de Julho, se as salas em França estiverem abertas. “Conscientes da evolução da situação da saúde pública na Europa e no mundo, e esperando a reabertura das salas no mês de Maio, o Festival de Cannes continua a planear com confiança e determinação a sua próxima edição”. Spike Lee, como presidente do júri, também está a postos.
O filme de Carax era um dos títulos que deveriam fazer parte da edição de 2020. Aquela que não chegou a realizar-se. Alguns deles, entre os quais duas curtas portuguesas, Cordeiro de Deus, de David Pinheiro Vicente, e Corte, de Afonso e Bernardo Rapazote, foram alinhados numa selecção de 50 que levou a marca do festival e que o ano passado, quando as salas começaram a reabrir, no lento despertar de um confinamento de três meses, começaram a ser distribuídos nos vários mercados e suportes: por exemplo, os filmes de Wes Anderson, Sharunas Bartas, Thomas Vinterberg (Mais uma Rodada chegará dentro de semanas às salas portuguesas) ou Steve McQueen (o projecto Small Axe, entretanto já na HBO). Os outros ficaram reservados para a edição 2021 e serão divulgados na totalidade em Maio. A lista incluirá, tudo indica, títulos como Benedetta, de Paul Verhoeven, o filme, depois de Ela, sobre os distúrbios místicos e eróticos de uma freira no século XVII, Memoria, de Apichatpong Weerasethakul, também um primeiro filme em língua inglesa do cineasta tailandês, com Tilda Swinton, e do novo de Nanni Moretti, Tre Piani.