Antiga bailarina, Marta esquece Alzheimer para “dançar” Tchaikovsky. E o mundo comove-se

Morreu este ano, durante o primeiro confinamento, mas a Internet só a descobriu esta semana, depois de ter sido divulgado um vídeo em que a música de O Lago dos Cisnes resgata Marta Cinta ao mundo em que a doença a aprisionou.

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O vídeo, partilhado há dois dias, soma milhões de visualizações DR

A espanhola Marta González Saldaña, conhecida profissionalmente como Marta Cinta, foi bailarina profissional, tendo sido primeira-bailarina do Ballet de Nova Iorque, no final da década de 1960. Mas a doença de Alzheimer acabou por a afastar do mundo artístico, tendo passado os últimos anos na Residência Muro de Alcoy, em Valência até que a doença ditou a sua morte, já este ano, durante o primeiro confinamento.

Porém, em 2019, o projecto Música Para Despertar visitou o espaço onde Marta Cinta se encontrava e conseguiu resgatar a ex-bailarina ao mundo do Alzheimer. O vídeo, em que se pode ver Marta Cinta a recordar os passos de O Lago dos Cisnes, foi divulgado, a 8 de Novembro, pela associação nas redes sociais e, depressa, se tornou viral.

O fundador e director da Música Para Despertar, o psicólogo Pepe Olmedo Granada, relatou à agência espanhola Efe que o registo foi obtido há mais de um ano, mas que só nestes últimos dias o episódio lhe veio à memória, tendo decidido partilhá-lo e, também, prestar homenagem à artista.

“Encontrámo-nos com a Marta González, ficámos a saber da sua história e testámos com ela as ferramentas do [projecto] Música para Despertar”, recordou Olmedo à Efe. “No vídeo, podemos ver como ela reage a um dos temas mais importantes da sua vida.”

No documento, que, entretanto, se multiplicou pelas várias redes e já soma milhões de visualizações, vê-se inicialmente uma mulher, numa cadeira de rodas, aparentemente desligada do que a rodeia, a ouvir as primeiras notas de O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky. E então dá-se o despertar: “Ela estava de cabeça baixa e, quando começaram os primeiros acordes, ligou-se ao trabalho e ficou entusiasmada”, explicou o psicólogo à agência noticiosa. Por fim, ouve-se Marta. “Emociona-me”, desabafa, começando a explicar os momentos em que “são mais pernas”, em que se exige “subir em pontas” ou quando entra o “coro”: “São 50”, recorda.

"Um bailarino será sempre um bailarino”, lê-se na partilha que a associação Música Para Despertar fez no Twitter. “Emoção à flor da pele, ouvir, sentir e voar juntamente com O Lago dos Cisnes”, é o convite.

A doença de Alzheimer é o tipo mais frequente de demência, em que o doente perde faculdades cognitivas (como a memória) e fica progressivamente dependente de terceiros. Um dos objectivos da Música Para Despertar passa por promover “o uso da música de uma forma terapêutica”, tanto em pessoas com Alzheimer com com outras demências, explicou Olmedo.

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