Estratégias para o desmame nocturno
Propomos-lhe 14 estratégias para o desmame nocturno, sempre de forma bem gentil e respeitando o desenvolvimento do bebé.
São muitas as estratégias que podem ser aplicadas para que os pais façam o desmame nocturno. Contudo, importa que os pais não esqueçam que cada bebé é único – o que funciona com um pode não funcionar com outro. E, acima de tudo, que mantenham presente a noção de que esta é uma decisão da família, à margem de pressões exteriores.
Anteriormente já aqui falámos acerca do processo de desmame nocturno do ponto de vista psicológico, quer para o bebé, quer para a mãe e a restante família. Neste artigo propomos-lhe 14 estratégias para o desmame nocturno, sempre de forma bem gentil e respeitando o desenvolvimento do bebé. Nem todas se vão aplicar a si ou ao seu bebé, mas são possibilidades que vale a pena tentar.
Falar com o bebé: Explique ao seu filho o que está a acontecer. Converse com ele sobre as “maminhas” e diga-lhe que as voltará a ter logo de manhã. Faça histórias ou canções em que diga “boa noite” para todas as coisas da casa, incluindo, no final, as maminhas.
Primeiro em passos de bebé: Um mês antes do desmame comece por introduzir um bonequinho de transição (se o bebé ainda não tem). Introduza ainda uma música agradável ou um cheirinho como indutor de sono que não a mãe. Reflicta acerca de qual se adequará mais ao seu bebé, para que a ligação sono-mama seja libertada por este objecto ou ritual de transição.
Comer e beber: Pode ajudar levar um pouco de água para o quarto. No entanto, a água não vai funcionar se o seu filho quiser mamar. Porém, por vezes as crianças podem ficar com a boca seca à noite, o que se pode resolver com um pouco de água. Deixe-o saber que o copo de água está lá antes de ir para a cama. Em crianças mais velhas, a amamentação nocturna, geralmente, não se refere tanto ao leite mas muito mais à conexão, e aí teremos de experimentar outra abordagem.
Comece por deixar de dar a primeira mamada da noite: Por norma, as crianças caem profundamente no sono do primeiro terço da noite e este é o mais longo, pois é o primeiro a ser consolidado pelos bebés. Pode fazer sentido introduzir aqui um objecto de transição ou outro método de adormecimento, como uma canção de embalar ou umas palmadinhas nas costas. Se o bebé deixar esta primeira mamada, será mais fácil que gradualmente se desabitue da maminha para readormecer.
Minimamadas: O objectivo desta técnica é reduzir o tempo das mamadas até as extinguir, utilizando um método de início e fim, para que a criança perceba e para que a mãe possa ir controlando a diminuição do tempo de mamada. Dizendo, por exemplo, “vou cantar uma canção para ti, quando terminar, acaba a maminha”. Pode, de forma gradual, ir aumentando a velocidade com que canta ou utilizar contagem em números e acelerar aos poucos.
Retirar a maminha no momento “x”: Esta também é uma abordagem para encurtar as mamadas. Pode retirar a mama do seu bebé no momento antes de ele cair em sono profundo, utilizando outro método de conforto. A ideia é que o seu filho se liberte do mamilo e que encontre outras soluções para entrar em sono profundo, começando a aprender que não precisa sempre da maminha para voltar a dormir.
Maminhas de difícil acesso: No caso de o seu filho dormir consigo no quarto ou numa cama ao seu lado, pode optar por utilizar roupas que limitem o acesso à maminha durante a noite e até funcionem como barreira de odor. Todos nós sabemos que os bebés sentem o cheiro do leite materno melhor do que ninguém.
Pai em acção: Se o seu bebé parece estar a acordar apenas para procurar algum conforto durante a noite, ele pode aceitar o pai como consolo. O pai pode confortar o bebé de outras maneiras, como oferecer-lhe uma bebida, deitar-se ao seu lado, abraçá-lo, etc.. O pai pode até conseguir dormir com o bebé noutro quarto, com menos interrupções do que se estiverem na mesma divisão que a mãe. Introduzir o pai durante a noite será bem fácil quando ele já o faz de forma eficaz durante o dia. Caso isto não aconteça, podemos ter de trabalhar primeiro a relação durante o dia para depois podermos usar o pai como suporte durante a noite. Aqui a mãe tem o papel fundamental: deixar o pai ser pai.
Pessoa que acalma: Se o bebé já estiver habituado a alguém que o costuma acalmar noutras situações, essa mesma pessoa, seja avó, ama ou tio, pode funcionar também nestas situações. Pode encontrar nessa pessoa um conforto para readormecer. Tenha apenas em atenção que, se esta pessoa não existir, esta técnica não faz sentido para si.
Não diga “não”, diga “mais tarde": Dizer “não” pode funcionar como uma palavra de gatilho que fará a criança sentir a proibição de uma forma marcada e procurar mais ainda obter aquele conforto. Tente antes dizer “mais tarde” ou usar algo que distraia a criança e a foque em algo de igual interesse.
Bloco de tempo sem mama: Pense num bloco de tempo em que deixa de dar a maminha, por exemplo, da meia-noite às 5h ou 6h da manhã. Pode até adormecer o bebé no primeiro sono com a maminha, durante a noite utilizar alguns dos outros métodos para readormecer (embalo, canção, palmadinhas, etc.) e no primeiro despertar sobre a manhã, isto é, às 6h ou 7h, dá novamente a maminha. Primeiro pode começar com blocos de tempo mais curtos e ir aumentando à medida que este processo se torna mais fácil. Veja primeiro se esta estratégia se adequa às necessidades do seu filho e se este já criou outros meios de conforto.
Aumente o contacto durante o dia: Permita que o bebé receba cuidados e carinho ilimitados durante o dia. Por norma, as crianças procuram mais o peito à noite porque não estão a ter a conexão e o afecto de que precisam durante o dia. Às vezes, a mãe está mais ocupada ou precisa de cuidar do outro filhote em simultâneo e torna-se difícil gerir o tempo para o bebé. Se perceber que os despertares nocturnos do seu filho e consequente procura de maminha se devem à procura de algum conforto emocional, reajuste a sua rotina tanto quanto possível, para aumentar esse contacto próximo durante o dia – nunca esquecendo que, se a mãe trabalha, a amamentação nocturna pode ser a maneira de o bebé se voltar a ligar à mãe.
Substitua com outras medidas de conforto: Pode tentar outras coisas para acalmar o bebé como massajar-lhe as costas, segurá-lo e abraçá-lo, beber um copo de água, cantarolar suavemente, dar festinhas, mexer-lhe no cabelinho, etc..
Partilhar a cama com o bebé: Se divide a cama com o bebé, deve continuar a fazê-lo. Enquanto a maminha deixa de existir, o conforto da sua presença permanece. Tirar essas duas coisas ao mesmo tempo pode ser uma grande mudança. Incentivar o seu filho a dormir no próprio quarto pode ser trabalhado mais tarde.
Tenha em consideração que este é um período sensível até para os pais, que pode afectar-vos de diferentes maneiras: Pode tornar-se mais difícil adormecer o bebé sem maminha e é provável que se sintam mais ansiosos e exaustos numa primeira fase. O desmame nocturno terá também consequências no sono do bebé. Inicialmente, pode não reduzir os seus despertares e pode alongar o tempo de que o bebé necessita para adormecer. No entanto, trata-se de uma adaptação, pelo que tudo irá melhorar com o passar do tempo.
Apesar de todas as estratégias poderem ser aplicadas, não se esqueça de que cada bebé é único e que o que funciona com um pode não funcionar com outro. E, acima de tudo, pense que esta é uma decisão da família, não permita que comentários externos o façam precipitar a decisão, sinta-se a si e ao seu bebé, e perceba se está na altura certa de iniciar o desmame nocturno ou não.
For Babies Brain by Clementina é um parceiro do Pares do Ímpar. Os conteúdos publicados são da responsabilidade da autora. Pares do Ímpar é um projecto de parceria entre o PÚBLICO e criadores independentes de conteúdos em áreas especializadas, complementares ao alinhamento editorial do Ímpar.