Dos bebés aos adultos, quais são os livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura

Num ano atípico para todos, a leitura pode ser uma constante. De forma semestral, o PNL lança uma lista de livros com as recomendações mais relevantes.

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Desde 2017 que o PNL recomenda livros para todas as idades Daniel Rocha

Duas vezes por ano é disponibilizada pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) uma lista com um conjunto de livros adequado à idade, ao nível de leitura e interesses dos leitores. Os títulos são submetidos pelos editores, que são depois apreciados por uma equipa de especialistas independentes, com qualificações em diversas áreas literárias. A lista completa do primeiro semestre de 2020 conta com quase 250 livros.

A grande novidade da segunda fase do PNL, que entrou em vigor em 2017 e é coordenada por Teresa Calçada e Elsa Conde, é a abertura de recomendações a todas as faixas etárias, desde “livros para bebés até adultos”, refere Júlia Martins, membro da equipa do PNL2027.

Se na primeira década as recomendações do Plano Nacional de Leitura estavam muito ligadas às escolas, ao infanto-juvenil e aos adolescentes, o objectivo agora é abrir os “horizontes a novos temas e públicos”. “Passámos a integrar outros temas, como a poesia, a banda desenhada, as biografias. São tudo categorias novas nesta fase do plano”, elucida Júlia Martins.

O processo de selecção decorre de 1 de Janeiro a 10 de Maio, com divulgação em Julho, e de 1 de Julho a 10 de Novembro (a divulgar em Dezembro). As editoras enviam os livros à medida que vão saindo e o grupo de especialistas vai analisando, levando este, de um modo geral, todo o semestre para avaliar os títulos. Por vezes, devido ao atraso no envio ou à falta de tempo para observar a totalidade das obras (podem receber até 600 num semestre), estas transitam para o período de avaliação seguinte. Júlia Martins acrescenta que “as datas do plano por vezes não estão em paralelo com as datas de saída dos livros, daí aparecerem nesta lista alguns títulos de 2019”.

Face ao mesmo período de candidaturas do ano passado, este primeiro semestre de 2020 sofreu um decréscimo no número de títulos enviados para avaliação — de 632 para 437. “Foi um semestre atípico por causa dos efeitos da pandemia. As editoras estiveram fechadas ou em lay-off, enviaram os livros mais tarde e os especialistas já não tiveram tempo útil de os analisar”, explica. 

São tidos em conta os critérios de mérito literário (originalidade temática e discursiva), rigor científico (formulação discursiva), dimensão estética (articulação entre texto e imagem) e qualidade da tradução, quando aplicável (o texto traduzido respeita o espírito do texto original). Cada lista contempla novos títulos publicados no ano em vigor ou no ano anterior que ainda não tenham sido recomendados pelo PNL, assim como novidades editoriais e clássicos. Não há nenhum autor fixo em cada lista, uma vez que a apreciação depende de novas edições. “Não há um padrão” nos autores que são seleccionados, mesmo que sejam nomes intemporais, como José Saramago.

Se um jovem com 12 anos a frequentar o 2.º ciclo for um leitor assíduo e quiser ler um livro com um nível de leitura superior à sua idade, pode agora pesquisar recomendações no site do PNL por nível de leitura — pré-leitura, inicial, mediana e fluente. “Na primeira fase isto não era possível. Os livros eram recomendados por nível de escolaridade, e numa turma cada aluno tem ritmos de leitura diferentes”, diz Júlia Martins.

Alguns autores que integram pela primeira vez o Plano Nacional de Leitura são Jessica Love, com O Jaime é uma Sereia, e Sophie Blackall, com Olá, Farol! na literatura infantil; Cláudia R. Sampaio, com Já Não Me Deito em Pose de Morrer, na poesia; Sandra Catarino, com Os Fios, e Annie Ernaux, com Os Anos, na literatura de adultos; e José Carlos Rocha, com O Encantador de Pássaros, na literatura para jovens.

Algumas das sugestões literárias, dos miúdos aos graúdos, passam por títulos como:

Texto editado por Bárbara Wong

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