Ressono. E agora?
A literacia em saúde é uma missão fundamental em Medicina e em particular na Medicina do Sono. O sono é essencial para manter o equilíbrio do organismo.
São muitas as questões que os doentes nos colocam no dia-a-dia. O ressonar é normal? A apneia de sono surge apenas quando somos mais velhos? Onde me devo dirigir? Que exames vão ser solicitados? Tenho de dormir no hospital? É comum o doente ser trazido à consulta pelo parceiro, frequentemente a principal testemunha de alguns dos sinais da doença: ressonar, paragens respiratórias durante o sono, engasgamentos ou sono agitado com múltiplos despertares. O próprio doente muitas vezes relata um sono pouco reparador, cansaço ou sonolência diurna, alterações da memória e concentração ou dores de cabeça quando se levanta. E depois? Será este ressonar normal? E quando surge associado a ranger de dentes?
A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono é uma doença que pode atingir até 50% dos homens e 25% das mulheres pelo que é cada vez mais frequente conhecermos alguém que sofre desta doença. O diagnóstico é simples e, após uma avaliação da história clínica e exame objectivo, o doente é submetido a um estudo que regista as alterações na respiração durante o sono e o impacto destas variações na estrutura do próprio sono, que pode ser realizado no hospital ou no domicílio. O exame permite o diagnóstico e perceber qual a gravidade de acordo como o número de paragens (apneias) ou diminuição da passagem do fluxo de ar (hipopneias). De acordo com os sintomas, existência de doença cardiovascular e gravidade é decidido o tratamento.
Conhecemos hoje alguns dos factores de risco da doença, sendo a obesidade o principal factor, pelo que manter um estilo de vida saudável, controlo do peso, com nutrição adequada e exercício físico regular, evitar bebidas alcoólicas evitar o tabagismo são medidas gerais de prevenção. No entanto, a educação para a saúde deve ter um papel primordial em Medicina. Atendendo às consequências impactantes da Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono e à sua associação a doenças como a diabetes, arritmias, enfarte ou Acidente Vascular Cerebral, é fundamental o envolvimento dos profissionais de saúde em acções de promoção de saúde, para possibilitar uma maior consciencialização da população, principalmente em aspectos preventivos e na detecção precoce dos primeiros sinais da doença.
Cabe-nos a nós, profissionais de saúde, responder a estas e outras questões, por isso mesmo dia 14 de Julho, pelas 21h, no webinar “CUF Talks: Ressono. E agora?” — ao qual todas as pessoas podem aceder —, vou juntar-me a colegas de Otorrinolaringologia, Medicina Dentária e Fisioterapia, que desempenham diferentes papéis no diagnóstico e tratamento da patologia do sono. Juntos, vamos esclarecer as principais dúvidas relacionadas com a roncopatia e a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono.
A literacia em saúde é uma missão fundamental em Medicina e em particular na Medicina do Sono. O sono é essencial para manter o equilíbrio do organismo. É um processo complexo em que ocorrem múltiplas funções que são benéficas para corpo e mente. A capacidade de memória, aprendizagem e de decisão lógica dependem de um sono de qualidade. Por outro lado, o sono influencia o nosso sistema de defesa (sistema imunitário), tornando-o mais forte perante a ameaça de infecções. Ajuda na regulação do metabolismo quer pelo equilíbrio da glicose e da insulina, quer pelo balanço entre hormonas da saciedade e do apetite e influencia o sistema cardiovascular. O sono, a par da nutrição e do exercício deve ser encarado como um dos pilares para uma vida saudável e a identificação precoce de doenças do sono e o seu tratamento pode ter impacto na saúde global do indivíduo.