Baixas qualificações colocam Portugal entre os países mais desiguais
Portugal é o 14º da OCDE com maior diferença de rendimento entre ricos e pobres. É também o quarto com menos pessoas com o ensino secundário concluído.
Os 10% de portugueses mais ricos têm um rendimento quase cinco vezes superior aos 10% mais pobres da população. Esta diferença está relacionada com as fracas qualificações da população nacional, onde 55% das pessoas não concluiu o ensino secundário. Esta é uma das conclusões do relatório anual sobre Educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Education at a Glance, que foi publicado esta terça-feira.
A OCDE usa como indicador para medir a desigualdade económica dentro de um país um rácio que compara os rendimentos disponíveis do primeiro decil (10% mais elevados) e do nono decil (os 10% mais baixos). Em Portugal, essa diferença é de 4,8. Ou seja, os mais ricos recebem quase cinco vezes do que os mais pobres.
Este valor coloca Portugal como o 14º país (em 37 que são avaliados no relatório) com um rácio de desigualdade mais elevado. Os números mais elevados são encontrados na Costa Rica onde os 10% do topo ganham dez vezes mais do que a população mais pobre. Países como o Brasil, o México e os Estados Unidos estão também acima de Portugal.
O Education at a Glance aponta que são os países com maior proporção de população são sem o ensino secundário são também as que têm maior desigualdade de rendimento e estabelece uma correlação muito forte entre os dois indicadores. Em Portugal, 55% da população entre os 18 e os 64 anos não completou o ensino secundário. Apenas México, Costa Rica e Turquia apresentam valores mais elevados.
“Apesar dos progressos recentes”, Portugal tem “uma das maiores proporções de adultos sem ensino secundário” da OCDE e tem níveis de desigualdade de rendimento acima da média, sublinha-se na nota específica sobre o país que acompanha o relatório.
A edição deste ano do Education at a Glance dá bastante ênfase às questões da equidade na Educação. Além das diferenças de rendimento, são também analisadas disparidades de género que, em Portugal, são consideradas “significativas” tendo em conta o número de diplomados com o ensino secundário. De acordo com a OCDE, 38% dos homens com idades entre os 25 e 34 anos não frequentaram o ensino secundário. Entre as mulheres, apenas 23% não concluíram este nível de ensino.
Esta diferença de 14 pontos percentuais entre os dois géneros é o maior de toda a OCDE – e fica claramente acima da média dos países estudados, de três pontos percentuais. Esta diferença de género persiste ao longo dos vários níveis de educação. Tal como na maior parte dos países da OCDE, a frequência do ensino superior é mais elevada entre as mulheres (42%) do que os homens (26%).