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Omara Portuondo celebra com Diego El Cigala a vida no “milagre da música”

A diva cubana e o cantaor madrileno fazem um par de luxo esta terça-feira no edpcooljazz (21h). Antes, Luís Represas e Paulo Flores apresentam Mestiço. Dia 27 estarão no Coliseu do Porto (21h30).

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Diego El Cigala e Omara Portuondo juntos em Oeiras e no Porto PAULO PIMENTA / CLÁUDIA ANDRADE

Desde que em 2003 gravou Lágrimas Negras com o histórico pianista cubano Bebo Valdéz (1918-2013), nunca mais o cantaor de flamenco Diego El Cigala deixou de “namorar” a música cubana e latino-americana em geral. Os discos Dos lágrimas (2008), Cigala & Tango (2010) e Romance de la luna Tucumana (2013) aí estão para prová-lo. Mas é precisamente depois de ter voltado às raízes, com o disco Vuelve el Flamenco (2014), que Diego surge envolvido em nova aventura cubana, desta vez com a voz feminina do fenómeno Buena Vista Social Club, Omara Portuondo. Começaram este ano uma digressão europeia destinada a celebrar os 85 anos de vida de Omara (Diego tem 48), que são também 70 anos de carreira. O espectáculo que junta os dois chega agora a Portugal, para dois concertos: o primeiro no festival edpcooljazz, esta terça-feira, às 21h, nos Jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras; e o segundo na quarta-feira, dia 27, no Coliseu do Porto, às 21h30. O de Oeiras tem na primeira parte uma atracção suplementar, que é outro concerto a dois: Luís Represas e Paulo Flores, nomes destacados da música popular portuguesa e angolana, apresentam o projecto Mestiço, que promete uma “deriva criativa” entre os universos das respectivas carreiras.

O que levou Omara e Diego a partilharem esta série de espectáculos? Do lado de Diego, a atracção pela música cubana será uma das razões. No início de Julho, ouvido pelo jornalista Fernando Navarro, do El País, ele dizia que há uma parte de música cubana nele e que esta “é uma criatura que não tem parado de crescer.” Omara, por sua vez, dizia que “a música é parte da natureza e é muito importante para o ser humano, dá alegria às pessoas, o ritmo dá-lhes amor.” E há o “milagre da música”. Que, para Diego, é Omara cantar canções dele como se fossem dela. E, para ela, é continuar a viver sem programar a retirada. Numa das suas passagens por Portugal, tinha ela então 78 anos, Omara dizia ao PÚBLICO: “Não bebo álcool, não fumo, não tenho excessos, faço desporto – ultimamente não, mas o desporto é muito importante também. É a natureza que me ajuda a manter esta voz.” Ao El País, retomou o mesmo tema deste modo: “Sou saudável, não bebo álcool e sempre fui uma desportista. Espero durar muitos anos, mas quando não puder fazer mais nada, fico em casa. Talvez possa gritar um bocadinho.”

"Um génio, um estilo único"

O espectáculo 85 Tour, assim se chama a digressão conjunta de Omara com Diego, tem no essencial três partes. Uma em que Omara fica sozinha com os músicos em palco, entregue aos seus temas clássicos; outra em que Diego actua a solo; e uma terceira em que ambos cantam temas do Buena Vista Social Club e outros que escolheram para partilhar. Diego, que conheceu Omara em 2015, não esconde uma enorme admiração pela cantora, que descreveu deste modo ao El País: “Omara é o melhor que herdámos deles [o Buena Vista]. Mas ela é vida, acima de tudo. É um génio, que tem um estilo único a cantar. Pertence a uma geração que só formou grandes cantores. E dessa geração só nos resta ela.” Ela e o guajiro Eliades Ochôa, outra das vozes do Buena Vista.

No meio da 85 Tour, que além de Espanha e de Portugal, passa também por Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, Polónia, Hungria e outros países que venham a juntar-se à lista, Omara tem programada uma vasta digressão pelos Estados Unidos, em Agosto e Outubro, com dois tipos de espectáculo. Num, actuará precisamente com Eliades Ochôa e noutro terá por companheiros Roberto Fonseca, Anat Cohen e Regina Carter.

A encerrar o edpcooljazz, para quem tenha vindo a seguir o festival ou só “entre” nele agora, há outro concerto a não perder, por sinal do último da lista: Marisa Monte com Carminho por convidada, dia 27 de Julho às 21h. Na primeira parte, canta Ana Gomes.

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