Número de transplantes está a aumentar
Coordenadora nacional da transplantação aponta para aumento de 22% nestes primeiros seis meses de 2016.
Há muito que não se faziam tantos transplantes em Portugal. Nos primeiros seis meses deste ano, foram transplantados 478 órgãos. No ano passado, por esta altura, tinham sido transplantados 392. Para a coordenadora nacional da transplantação, Ana França, isto é sinal de que “as equipas estão a trabalhar bem”.
Olhando para os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Serviço Nacional de Saúde, verifica-se que este é o maior número de órgãos colhidos desde 2009. O órgão mais transplantado é o rim: 278 intervenções, 34 das quais de dadores vivos. Na mesma altura, fizeram-se 155 transplantes de fígado, 16 de pâncreas, nove de pulmão e 20 de coração.
A percentagem de dadores vivos ainda é “relativamente baixa”, admite Ana França. “Temos seis a sete dadores por cada milhão de habitantes. Em Espanha, por exemplo, a média é de nove por cada milhão de habitantes.” E Espanha tem um número de habitantes quatro vezes superior.
O número de dadores mortos, esse, não tem parado de crescer. No fim de Junho, somava 189, mais 27 do que em igual período do ano anterior. Segundo Ana França, o país alcança o quarto lugar na tabela mundial no que diz respeito a transplantes feitos a partir de dadores já falecidos, depois de Espanha, Croácia e Malta.
Parece-lhe fundamental reconhecer o trabalho das equipas. “A unidade dos cuidados intensivos tem um papel importantíssimo”, comenta. “Um transplante só se faz se houver uma cadeia de evolução de profissionais”, lembra. “Envolve uma quantidade enorme de pessoas” — quer do no lado do doente, quer do lado do dador.
Por esta altura, há mais de 2500 pessoas à espera de uma intervenção desta natureza. São, sobretudo, doentes renais. “Temos uma das mais altas taxas de insuficiência renal da Europa”, aponta a especialista. Demasiado sal e pouco controlo da hipertensão. Em Dezembro de 2015, estavam 2053 pessoas à espera de rim.
O tempo de espera ainda é longo. Há quem espere quatro a cinco anos, clarifica. Não é, diz, algo que se resolva com mais campanhas de sensibilização. Depende de inúmeros factores, inclusive da rede familiar. Ajuda, agora, o facto de os dadores terem uma garantia de acompanhamento para o resto da vida.